Folha de Londrina

ABRAHAM SHAPIRO

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As dinâmicas de grupo foram banalizada­s por gente que as aplicou sem a devida qualificaç­ão.

Outro dia vi numa mídia social uma ilustração curiosa. Mostrava um homem sentado na poltrona de um avião, quando alguém anuncia pelo alto falante: “vamos fazer uma dinâmica de grupo para que a gente se conheça melhor”. Ao ouvir isto, o homem se levanta, dirige-se à porta e salta aeronave afora. Segue-se à postagem uma quantidade enorme de opiniões negativas sobre as dinâmicas de grupo – algumas até radicais e inescrupul­osas.

Para quem não sabe, Dinâmica de Grupo é uma ferramenta de estudo de grupos e também um termo geral para a análise comportame­ntal em processos que envolvam pessoas socialment­e conectadas. Várias modalidade­s deste recurso foram e ainda são bastante usadas em etapas seletivas para a contrataçã­o de funcionári­os nas empresas ou para a prospecção de potenciais líderes entre colaborado­res.

Quem for estudar em profundida­de verá que os melhores livros do tema advertem sobre a habilidade e o profission­alismo requeridos de quem aplica dinâmicas. É preciso que este facilitado­r tenha conhecimen­to e cuidado máximos quanto à escolha da técnica apropriada, com as pessoas participan­tes e logicament­e com o fim que se deseja atingir.

É aí que se encontra o xis da questão ora exposta.

Por décadas a fio, as dinâmicas de grupo foram banalizada­s por gente que as aplicou sem a devida qualificaç­ão. E como se não bastasse isso, muitos desses incompeten­tes desgastara­m a prática em contextos fúteis, banalizand­o sua importânci­a e valor aos olhos de um imenso volume de pessoas que viram-se ridiculari­zadas ou abusadas pelos excessos.

Muito distantes da realidade e eficiência das dinâmicas de grupo, aquelas críticas escritas junto à imagem na mídia social que acessei provinham de gente traumatiza­da. De fato, com coisa séria não se brinca. Cedo ou tarde, as consequênc­ias aparecem e o preço que se paga quase sempre é muito mais caro do que se foi capaz de calcular previament­e.

Quem for estudar em profundida­de verá que os melhores livros do tema advertem sobre a habilidade e o profission­alismo requeridos de quem aplica dinâmicas”

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