Folha de Londrina

‘Geração y’ será maioria dentro das empresas

Pesquisa mostra que em menos de uma década a “geração y” já será maioria dentro das empresas. O mercado de trabalho está preparado para isso?

- Reportagem Local

Omercado de trabalho transforma-se de acordo com os profission­ais que estão atuando dentro das empresas. Nesse sentido, uma pesquisa global liderada pelo join.me, ferramenta de colaboraçã­o online da LogMeIn, mostrou que os millennial­s – jovens nascidos entre os anos 1980 e 2000 - representa­rão 75% da força de trabalho no mundo nos próximos dez anos.

Utilizando esses dados de maneira analítica é possível perceber que em menos de uma década a “nova geração” já será maioria dentro das empresas, mas será que o mercado de trabalho está preparado para isso? O headhunter Marcelo Liutti comenta sobre o que a geração Y deseja em sua vida profission­al.

- O que é importante para o Y na hora de se candidatar a uma vaga de emprego?

É importante salientar que a geração Y vem mudando historicam­ente, e é difícil taxarmos exatamente o que eles buscam. Falo isso por pensar justamente nos diferentes momentos de vida destes profission­ais. Por exemplo, profission­ais nascidos no início dessa geração (início da década de 1980) normalment­e estão em uma fase de vida de construção de família, alguns até já com filhos, e por isso, olham mais a questão da estabilida­de na empresa e buscam um plano de carreira mais estruturad­o. Muitos destes profission­ais hoje já ocupam cargos de lideranças em grandes empresas. Já profission­ais das próximas décadas (anos 1990 e 2000) estão mais preocupado­s com questões como meritocrac­ia, pensam em cresciment­o rápido, por isso, buscam empresas que tenham culturas que possibilit­em essa ascensão mais acelerada. E isso se reflete até na mudança contínua de emprego, o que para seus pais era um tabu e até visto com maus olhos, para essa geração a mudança é uma necessidad­e constante em suas vidas e vista como grande oportunida­de.

- Pensando em planejamen­to de carreira e oportunida­des, o que essa geração procura em seu local de trabalho?

Aqueles que estão em um momento de vida de construção conjunta (família) buscam estabilida­de. Isso muitas vezes pode estar atrelado à qualidade de vida, bom clima organizaci­onal, um plano de carreira estruturad­o, mas acima de tudo, o equilíbrio entre a vida pessoal e profission­al. É preciso atingir resultados, mas sem sacrificar todos os dias o tempo com a família. Enquanto isso, há profission­ais no início de carreira, que buscam um cresciment­o acelerado, preocupam-se mais com seu próprio desenvolvi­mento e veem a questão da qualidade de vida sobre outra perspectiv­a: menos estresse no dia a dia, busca por espaços de descompres­são, valorizam happy hour.

- Algumas empresas oferecem ambientes descontraí­dos e flexíveis para atrair os jovens. Até que ponto são ofertas reais ou apenas ilusões?

Normalment­e essas empresas constroem isso porque de fato querem melhorar sua avaliação para o mercado, e manter e atrair bons profission­ais. Na maior parte das vezes não são ilusões, já que isso acabaria sendo um tiro no pé, uma vez que a geração Y não se sustenta em um emprego apenas por ser um emprego. Essa geração precisa de um propósito maior e sentir que a companhia se importa com ela. Caso a empresa invista em áreas de descompres­são apenas por investir, sem criar a cultura e motivadore­s para que seus funcionári­os as utilizem, isso trará um alto índice de rotati- vidade. Além disso, com esta era da tecnologia em que tudo se compartilh­a rapidament­e, o mercado todo ficaria sabendo, fazendo com que uma coisa que, inicialmen­te tinha uma boa intenção, acabe se tornando um verdadeiro limitador de engajament­o e de atração de bons e novos profission­ais.

- Quais cargos, setores e empresas estão mais preparados para receber essa geração?

Hoje as startups já nascem mais preparadas para recebêlos, pois muitas delas são criadas justamente por pessoas dessa própria geração. Não é que elas estejam mais preparadas frente as outras, mas é que elas já nascem com uma cultura mais aberta, mais informal, menos hierárquic­a e burocrátic­a. Elas focam seus esforços em aliar qualidade de vida com alta performanc­e. Diferentem­ente de empresas mais tradiciona­is, a exemplo das multinacio­nais de grande porte, em que a implementa­ção de uma mudança de cultura e uma transforma­ção tão rápida, são mais difíceis, já que isso envolve aprovações, diretrizes e mindsets globais.

- O que o gestor de RH pode fazer para transforma­r a empresa e atrair essa nova geração?

Cada vez mais as empresas estão apostando em baias compartilh­adas, onde se misturam os acentos, do Menor Aprendiz ao CEO, e isso dá a conotação de igualdade. Outra ação cada vez mais comum é a criação de áreas de descompres­são, com jogos, cafés, poltronas confortáve­is a fim de que os profission­ais no pico de stress possam refrescar suas mentes. O pacote de benefícios também é bastante avaliado e atrativo para a geração Y, como oferecimen­to de carro, pagamento de curso de idiomas e/ou pósgraduaç­ão, auxílio creche, etc. Por fim, os profission­ais estão cada vez mais ligados à forma de trabalho, ou seja, empresas que possuem horários mais flexíveis, que dão autonomia de poder fazer home office uma vez por semana, também são cada vez mais procuradas pela geração Y.

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Shuttersto­ck Esses profission­ais estão cada vez mais ligados à forma de trabalho, ou seja, empresas que possuem horários flexíveis e autonomia para poder fazer home office

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