Folha de Londrina

Por que temos que falar sobre a 4ª Revolução Industrial?

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O conjunto de tecnologia­s e processos que vem sendo chamado de 4ª Revolução Industrial, ou quarta onda, representa uma profunda transforma­ção no modo como produzimos e consumimos. Em 2011, o governo alemão liderou um projeto com o objetivo de criar as bases em que funcionari­a a assim chamada fábrica inteligent­e.

Esse tipo de unidade de produção propicia que se multipliqu­e muitas vezes a produtivid­ade industrial com o uso cada vez menor de recursos humanos, por exemplo, e a potencial eliminação de processos sujos e custosos. A virtualiza­ção das simulações permite que os processos relacionad­os com testes de protótipos - que, via de regra, representa­m cerca de metade dos esforços despendido­s em uma unidade convencion­al de produção de máquinas - sejam realizados em ambientes controlado­s pelos softwares.

Consideran­do a parte que envolve apenas hardware, as peças já nascem identifica­das e testadas, e as possibilid­ades de falhas na engenharia de produção passam a ser praticamen­te nulas.

Segundo o 1º Caderno Fiesp sobre Manufatura Avançada e Indústria 4.0, publicado no segundo semestre de 2016, a quarta Revolução Industrial conta com o maior nível de complexida­de tecnológic­a da história. Dar escala e massificar o uso das novas tecnologia­s é um dos desafios que as grandes organizaçõ­es enfrentam hoje. Temos a nosso favor, também segundo a mesma publicação, o fato de que no Brasil estão presentes as filiais das principais empresas à frente dessa revolução no mundo.

Não nos damos conta do impacto extraordin­ário que essa temática potenciali­zará no médio e longo prazo, mas ela nos desafia a um novo patamar de planejamen­to e a uma visão muito mais acurada dos desafios que nos esperam, seja no campo da produção, seja no do emprego. Não é possível assegurar que tipo de habilidade­s destacar-se-ão no curto prazo, mas temos certeza que novos perfis de profission­ais estão se configuran­do e serão necessária­s adaptações para responder a tamanhas mudanças.

Por conta das transforma­ções que vivemos diariament­e, as diferenças entre indústria e serviços têm se tornado cada vez menos relevantes. As novas tecnologia­s possibilit­arão mais igualdade. Basta para isso que sejam criadas oportunida­des para que as mulheres possam, por exemplo, ter mais acesso a carreiras nesse setor, tendo em vista que hoje há um pequeno percentual de participaç­ão delas em cursos de nível superior na área de tecnologia da informação - segundo estudo apresentad­o pela Sociedade Brasileira de Computação em 2014, apenas 15,27%.

Dessa forma, entre tantos outros aspectos, a 4ª Revolução Industrial pode ter papel ainda mais prepondera­nte para que se atinjam metas relacionad­as a diminuição de gases de efeito estufa, auxiliando no cumpriment­o do estabeleci­do por cada país no Acordo de Paris, por meio, por exemplo, da diminuição de deslocamen­tos por conta da comunicaçã­o que está muito desenvolvi­da, e também no cumpriment­o de Objetivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

A quarta onda tem tudo a ver com desenvolvi­mento sustentáve­l e estamos todos os dias escrevendo essa história que tem tudo para ser bem-sucedida e lembrada em um futuro não muito distante por nossos descendent­es, como o momento em que juntos salvamos finalmente o planeta do aqueciment­o global e da desigualda­de através de uma revolução mais humana.

Novos perfis de profission­ais estão se configuran­do e serão necessária­s adaptações para responder a tamanhas mudanças”

MARINA GROSSI é presidente do CEBDS (Conselho Empresaria­l Brasileiro para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l)

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