‘Estamos em um mar de informação’
De acordo com o psicólogo Filipe Martin de Oliveira, de Londrina, a conveniência dos pais ou responsáveis em deixar a criança usar o celular sem controle de tempo e horário pode se tornar, em muitas oportunidades, uma “terceirização da educação”. “Da mesma forma que os pais terceirizavam para o rádio e a televisão, hoje é para o celular e o computador. O perigo é que eles têm mais conteúdo e por isso precisam ser mais vistoriados. Estamos em um ‘mar de informação’, enquanto antes era bebedouro. Os pais precisam ensinar as crianças a ‘nadar’ neste conteúdo”, compara.
A transferência constante da responsabilidade do cuidado para a tecnologia pode afetar a sociabilização da criança. “Ela não aprende a lidar com os sentimentos negativos e desconfortos e isso pode provocar outros sintomas, como a raiva e ansiedade, fazendo com que tenha problemas com limites. É essencial educar emocional- mente para que quando estiverem entediadas, por exemplo, não vão em busca do telefone.”
Segundo Maria Sylvia Vitalle, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o diálogo, a atenção ao que é visto e o uso em dose certa são as maiores ferramentas para a adaptação na forma de educar na transição para a era do conhecimento. “O período da infância e a adolescência são de vulnerabilidade, riscos e experimentação, pois somente por meio delas que se terá um repertório adequado para tomar as melhores deci- sões. Da infância para a adolescência se pode passar da dependência total, com supervisão integral, para a independência parcial, à medida do amadurecimento e comprometimento. Portanto, supervisão sempre.”
(P.M.)