Folha de Londrina

Operação ZR3 completa um mês

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Ações ilícitas têm alto custo para o cidadão, que a cada escândalo entende porque os serviços públicos no País deixam a desejar

O brasileiro vive com a impressão de que as denúncias de corrupção nunca terminarão. Está sendo assim com a Lava Jato, que está prestes a completar quatro anos, e com tantos outros escândalos que surgem a toda hora. Em Londrina, uma denúncia abalou novamente a Câmara Municipal. Ela veio com a Operação ZR3, deflagrada há um mês pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público do Paraná.

Também a ZR3 não parece próxima do fim. A operação denunciou treze pessoas por suposto envolvimen­to numa organizaçã­o criminosa que teria participaç­ão de vereadores, agentes públicos e empresário­s. Tudo gira em torno de um suposto esquema criminoso para aprovação de projetos de lei de mudança de zoneamento.

Essa primeira investigaç­ão de corrupção deu origem a mais cinco inquéritos, abertos para apurar outros fatos criminosos, conforme a FOLHA explica na edição desta segunda-feira (26). A reportagem ouviu o agricultor que denunciou o suposto esquema, Junior Zampar.

O promotor Jorge Barreto, coordenado­r do Gaeco, disse à FOLHA que desde o início o MP tinha ideia de que as investigaç­ões iriam avançar. A primeira denúncia foi aceita pela Justiça na semana passada, mas o promotor revelou que as investigaç­ões vão continuar. Se o crime for comprovado, o Gaeco quer devolver aos cofres do município o dinheiro da propina que teria ido parar na mão de criminosos.

Na semana passada, outro escândalo que explodiu no Paraná teve grande repercussã­o em Londrina. Desta vez as suspeitas de corrupção atingem uma das concession­árias de pedágio que operam na região, a Econorte. A empresa que administra a praça de pedágio mais cara do Estado, localizada em Jataizinho, está no foco da Lava Jato por suspeita de superfatur­amento em obras.

Ações ilícitas têm um alto custo para o cidadão, que a cada novo escândalo de corrupção entende porque os serviços públicos no País deixam a desejar em matéria de qualidade e eficiência. Recentemen­te, o cientista político francês Olivier Dabène deu uma de declaração desconcert­ante sobre o Brasil. O diretor do Observatór­io Político da América Latina e Caribe (Opalc) da universida­de Sciences Po de Paris disse que quando o assunto é desvio de dinheiro público e corrupção, o mundo inteiro é amador se comparado ao que ocorre no Brasil. Tomara que um dia o País se liberte dessa imagem vergonhosa.

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