Folha de Londrina

AVENIDA PARANÁ

- por Paulo Briguet

Saudosa Cidade

Fui a uma loja comprar um presentinh­o para o Pedro e notei que o vendedor não era brasileiro. Perguntei a ele:

— De onde é o seu sotaque? — Venezuela. O jovem venezuelan­o me contou que está há um ano e meio no Brasil. Fugiu do paraíso socialista — ou seja, escapou da fome, da miséria e da opressão. Disse ele:

— Meu país virou um episódio de Walking Dead.

Infelizmen­te, o Brasil corre o risco de virar uma imensa Venezuela. E uma das maneiras mais fáceis Shuttersto­ck de chegar lá é “empoderand­o” os chamados conselhos populares cujos membros se julgam donos da democracia e dos debates políticos.

Está em tramitação na Câmara de Londrina um projeto para empossar, em regime de urgência, mais um desses sovietes (para quem não sabe, a palavra soviete quer dizer conselho em russo). A aprovação da lei que oficializa o ConCidade será uma catástrofe para Londrina e pode retardar o desenvolvi­mento da cidade não apenas pelos próximos anos, mas pelas próximas décadas. Em outras palavras, Londrina corre o sério risco de virar uma pequena Venezuela. O ConCidade está bem Maduro pra isso.

A composição do ConCidade é majoritari­amente indicada por movimentos sociais, sindicatos e universida­des — ou seja, é a esquerda quem manda ali. Essa mesma esquerda que não consegue eleger nem um síndico em Londrina, quanto menos um vereador.

Agora, aproveitan­dose da fragilidad­e da Câmara e da situação difícil do prefeito após o aumento do IPTU, essa turma quer dar as cartas no desenvolvi­mento econômico da cidade.

Diante da lamentável situação, meu amigo Chico Buraco — o único compositor popular conservado­r do Brasil — fez o seguinte sambinha, intitulado “Saudosa Londrina”: Se o sinhô num tá alembrado Dá licença de contar

Ali onde agora está Esse vazio urbano Era pra ser uma indústria, Uma empresa operando...

Por aqui seu moço, Com trabalho e boa vontade Nóis já teve uma cidade

Mas um dia, Nóis nem pode se alembrá Veio os hómi do ConCidade E mandô tudo parar

Olharam todas essas firmas e espantaram pra bem longe com a burocratiz­ação

Que tristeza que nóis sentia Cada empresa que saía, sofria a população

Nóis quase choremo Quando o Conselho falou: — Aqui só investe Com nossa autorizaçã­o!

E hoje nóis se atrapaia Sem renda e sem emprego E nós cantemos Pedindo arrego:

— Saudosa cidade Saudosa Londrina Esse baita IPTU Vai ser sempre a nossa sina!

( Joga a empresa pra lá Perde emprego pra cá Pobre Londrina sem um vintém!)

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