LUIZ GERALDO MAZZA
Impressão inicial é que a 48ª fase da Lava Jato não deslancha no ritmo tradicional
Apesar da precariedade conceitual do que venha a ser uma região metropolitana, percebe-se, cada vez com mais nitidez, a perda de relevância do enfoque limitado ao localismo tanto na cidade polo, o centro, quanto na sua periferia. E as dificuldades para maior abrangência do sistema metropolitano fracassam trombadas de caráter como na ruptura da integração dos ônibus no choque entre Beto Richa e Gustavo Fruet, cujos remendos ainda não recriaram sequer o status quo anterior, apesar do esforço da Comec para recuperar o tempo perdido.
De outro lado perdemos, mais de uma vez, a chance de resolver a questão do lixo como uma solução metropolitana e aí pela postura dos empresários interessados na exploração que levaram a questão para o campo judicial. O consórcio da limpeza pública dançou e já não sabemos o que fazer diante dos lixões, distantes ainda de soluções mínimas como a dos aterros sanitários, e a limitação de funções como a onerosíssima da simples coleta sem qualquer sinal efetivo de industrialização.
Há ainda a prensa das regiões polarizadas em cima da capital como se vê no caso da saúde, seja na rede municipal ou ainda em áreas como a do Hospital de Clínicas (esse exercendo a atração supra local, trazendo além do interior gente de Santa Catarina e São Paulo) e unidades filantrópicas que atendem o Sistema Único de Saúde. O esforço que o sistema de Curitiba aplica é de tal ordem que há uma sobrecarga nos postinhos e núcleos de pronto atendimento e justifica os anúncios feitos ontem pela secretária de saúde de Curitiba, Marcia Huçulak, de expansão da assistência com a contratação de mais de 220 servidores entre 50 médicos, 31 enfermeiros, 139 técnicos em enfermagem e redistribuição de pessoal para evitar o que acontece com postos que contam com um só médico em coexistência com aqueles que detém seis profissionais.
Os gastos são crescentes, e já foram pagos da dívida acumulada R$ 70 milhões ao SUS, restando ainda um débito de R$ 20 milhões. Agradar na área com sistema razoável de prestação de serviços não é fácil, tanto que se multiplicam não só os casos de mau atendimento aos de aberto conflito entre pacientes e funcionários traduzido até em casos de agressão.
Atenção no centro esvazia a periferia e era preciso que a Comec se revelasse mais do que habilitada para as questões de mobilidade e tivesse condições de exercer melhor o seu papel de estratégia e logística na região. O que poderia gerar um modelo de ação aplicável a outras regiões metropolitanas. É um tanto inútil falar nisso num Estado que passou a ser leigo em matéria de planejamento, confiando que o marketing resolva tudo.