Folha de Londrina

Nove anos depois, o julgamento

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Caso ajudou a chamar a atenção para um problema grave no Brasil: as mortes no trânsito

Se nenhuma reviravolt­a jurídica acontecer, o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho vai a júri popular, nesta terça-feira (27), responder pela morte de dois jovens. Gilmar Rafael de Souza Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20, morreram em um grave acidente de trânsito, ocorrido há quase nove anos, em Curitiba. O Passat importado dirigido em alta velocidade por Carli Filho “voou” para cima do Fit onde estavam Yared e Almeida em um cruzamento do bairro Mossunguê. O ex-deputado havia ingerido bebida alcoólica e um exame apresentou um nível de 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue, que caracteriz­a embriaguez. Nos anos que se seguiram após o acidente uma batalha jurídica foi travada nos bastidores na tentativa de suspender, cancelar ou desaforar o julgamento (mudar de Curitiba para outra cidade). Nesses quase nove anos, houve também uma outra batalha, travada pelas famílias das vítimas, para que o crime não fosse esquecido e clamando por Justiça. Foram muitos os desdobrame­ntos. Nos dias seguintes do acidente, descobriu-se que Carli Filho estava com a carteira de habilitaçã­o suspensa com 30 multas, 23 delas por excesso de velocidade. À época, a Folha de Londrina fez um levantamen­to junto ao site do Detran e descobriu que dos 54 deputados estaduais do Paraná, 18 estavam com a carteira de habilitaçã­o suspensa. Uma triste constataçã­o de desrespeit­o às leis de trânsito justamente entre parlamenta­res. O julgamento deve terminar apenas na quarta-feira e certamente será um dos mais importante­s dos últimos anos no Paraná. O caso ajudou a chamar a atenção para um problema grave no Brasil: as mortes no trânsito. É quase uma guerra. E muitas mortes poderiam ser evitadas se as normas básicas de boa convivênci­a e as leis fossem realmente respeitada­s. Como era de se esperar, o julgamento de Carli Filho chamará a atenção de todo o País, tanto que senhas tiveram que ser distribuíd­as e 200 pessoas acompanhar­ão no Tribunal. A espera de nove anos explica tamanha repercussã­o.

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