Morre ciclista atropelado na zona sul de Londrina
Edson de Oliveira estava internado na Santa Casa desde a noite de 21 de fevereiro; CMTU já registrou 25 acidentes com bicicletas em 2018
Faleceu na madrugada de terça-feira (27), em Londrina, o ciclista Edson Rossato de Oliveira, 48, atingido por um motorista na rodovia Mábio Gonçalves Palhano, perto do cruzamento com a PR-445, nos arredores do shopping Catuaí (zona sul). O acidente ocorreu na noite de 21 de fevereiro, quando Oliveira voltava para Londrina com um grupo de 22 ciclistas após uma pedalada noturna. Segundo testemunhas, o motorista fugiu do local sem prestar socorro, mas foi localizado logo depois no centro da cidade. Oliveira sofreu traumatismo craniano e foi encaminhado para a Santa Casa de Londrina em estado grave. Ele passou por uma cirurgia no mesmo dia do acidente, mas não resistiu aos ferimentos.
O acidente que resultou na morte do ciclista infelizmente não é exceção em Londrina. Conforme informações da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), somente nos dois primeiros meses de 2018 foram registrados 25 acidentes com esse meio de transporte no município: foram 15 quedas, seis colisões com automóveis, uma colisão com moto e três atropelamentos de ciclistas. Em 2017, seis ciclistas vieram a óbito na cidade após se envolverem em acidentes de trânsi- to. Cinco deles colidiram com carros e não resistiram aos ferimentos. No total, os acidentes nas vias de Londrina resultaram na morte de 90 pessoas no ano passado.
“Ciclistas correm muitos riscos nas ruas”, afirmou o encarregado de manutenção Valdir do Prado, que pedala no mesmo grupo do qual Oliveira fazia parte, o Pedal em Londrina. Ele presenciou o acidente e garante que não havia motivo para que o carro atingisse a vítima com tanta violência. “Estávamos do lado direito, com as bicicletas iluminadas e sinalizadas. O motorista provocou o acidente e se evadiu do local sem qualquer reação, como se não tivesse acontecido nada”, lamentou.
Em protesto à falta de respeito dos motoristas para com os ciclistas, o grupo realizou uma pedalada pelas ruas de Londrina na tarde de sábado (24). “A ideia foi mostrar ao trânsito que os ciclistas também fazem parte dele. Somos uma realidade e precisamos de respeito”, afirma. Uma outra manifestação estava prevista para a noite de terça-feira.
Em geral, o grupo de pedalada do qual faz parte trafega por trilhas na zona rural e tenta evitar ao máximo a zona urbana justamente pelo risco de acidentes. Também utilizam equipamentos de segurança como luvas, capacetes, óculos e toda a sinalização necessária. Prado conta que, há algum tempo, tentou usar a bicicleta para ir ao trabalho mas logo desistiu. “O risco é muito grande, os motoristas precisam lembrar do que estudaram para tirar a habilitação”, resume.
Oliveira era gerente em uma empresa de transporte e deixa esposa e dois filhos. Ele tinha começado a pedalar há pouco mais de um ano e, conforme Prado, estava contente por ter vencido o estresse e o sedentarismo. “Ele estava feliz pedalando, porque fez amigos e se divertia”, lamenta.
Na empresa onde o ciclista trabalhava há pelo menos uma década, o clima era de muita tristeza. “Ele gostava muito da bicicleta e estava feliz por ter descoberto este esporte”, contou a coordenadora administrativa Débora Dias da Silva Rosa, destacando que o colega “era uma pessoa formidável”. “Ele era trabalhador, companheiro, bem-humorado e muito responsável. Foi uma grande perda”, disse.
VELÓRIO
O corpo de Oliveira está sendo velado na capela 1 da Acesf (Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina). O sepultamento está marcado para esta quarta-feira (28), às 9h30, no Cemitério São Pedro. O velório começou durante a tarde e foi marcado pela forte comoção de familiares e amigos. Assim como nas redes sociais, as pessoas presentes ao velório pedem justiça pela morte do ciclista e lamentam a perda, classificando Oliveira como uma pessoa que era “amiga”, “alegre” e “carinhosa”.
SUSPEITO
O homem apontado como autor do atropelamento foi preso em flagrante no centro da cidade. Segundo a polícia, ele apresentava sinais de embriaguez, porém se recusou a fazer o teste do bafômetro. O homem, que não teve o nome divulgado, foi autuado por embriaguez ao volante e homicídio doloso (quando quem o praticou o crime teve a intenção de matar ou assumiu o risco) consumado, além de omissão de socorro.
Ainda de acordo com a polícia, ele teria sido solto por decisão judicial para responder o processo em liberdade, fazendo com que a investigação seja concluída em 30 dias. A reportagem tentou contato com o Ciac (Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão) por diversas vezes, mas não conseguiu confirmar a informação da soltura. Nos próximos dias as testemunhas começarão a ser ouvidas na Delegacia de Trânsito de Londrina. (Colaborou Pedro Marconi)
Ele estava feliz pedalando, porque fez amigos e se divertia”