Justiça prorroga prisão de seis detidos pela Lava Jato no Paraná
O MPF queria a preventiva dos acusados, mas juíza entendeu que prolongamento da temporária por mais cinco dias seria suficiente
Ajuíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, estendeu por mais cinco dias as prisões temporárias das seis pessoas detidas durante a Operação Integração, que investiga possíveis irregularidades na concessão de rodovias no Paraná e faz parte da 48ª fase da Lava Jato. A apuração é coordenada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF).
O MPF queria a prisão preventiva dos acusados, mas a Justiça entendeu que o prolongamento da temporária seria suficiente, pelo menos nesta fase processual.
A medida vence no final desta semana e vale para Nelson Leal Júnior, que dirigia o DER-PR (Departamento de Estradas e Rodagem), Oscar Alberto Gayer da Silva, ex-funcionário do DERPR; Wellington de Melo Volpato, sócio da Eco Sul Brasil Construtora; Hélio Ogama, diretor da Econorte Triunfo; Leonardo Guerra, administrador da Rio Tibagi Engenharia; e Sandro Antônio de Lima, funcionário da Econorte. Destes, apenas Ogama e Guerra permanecem na seda da PF em Londrina, na rua Tietê, área central. O restante está custodiado em Curitiba.
O advogado Rodrigo Antunes, que defende o empresário da Rio Tibagi, disse que não iria se manifestar por enquanto porque ainda está estudando o processo. A reportagem não conseguiu contato com o advogado Gabriel Bertin, que defende Ogama na Integração.
A Lava Jato apura crimes como corrupção, fraude a licitações, peculato e lavagem de dinheiro. Além das prisões, 55 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na operação.
Nelson Leal Júnior ficou em silêncio durante interrogatório à Polícia Federal, mas resolveu falar diante dos promotores. Ele declarou que é diretor do DER desde janeiro de 2013, conselheiro da Copel (Companhia Paranaense de Energia) e que tem uma renda mensal de R$ 60 mil. O acusado negou todos os crimes e disse que não é amigo pessoal de Volpato.
Para o MPF, a informação da relação de amizade não é verdadeira, já que a forçatarefa encontrou uma foto de Júnior com Volpato durante as buscas na casa do sócio da Eco Sul Brasil. Para a juíza, ele deve explicar melhor o vínculo com um dos comandantes do DER.
A defesa de Leonardo Guerra reiterou que ele foi exonerado da administração da Rio Tibagi em outubro do ano passado. Na garagem da casa dele, a Lava Jato apreendeu R$ 252 mil. “O acondicionamento do numerário levanta suspeitas a respeito da intenção de ocultar os valores, eis que normalmente tal quantia é guardada em cofres”, disse a juíza Gabriela Hardt.
Com informações obtidas com a Receita Federal, o MPF informou que Guerra adquiriu 40 imóveis em Londrina entre 2011 e 2013. Na residência de Hélio Ogama, diretor-presidente da Econorte, os policiais apreenderam documentos que serão analisados durante o processo. Tal afirmação foi feita pela magistrada também em relação a Sandro Antônio de Lima e Oscar Alberto Gayer da Silva.
CEDO DEMAIS
Apesar do MPF ter dito que “há várias inconsistências nas versões apresentadas pelos investigados”, a Justiça Federal salientou “que qualquer conclusão é prematura. A prorrogação da prisão temporária concederá mais tempo à autoridade policial para melhor exame dos materiais já apreendidos, assim como nova oitiva dos investigados e manifestação das suas defesas”.
Quando a Integração foi deflagrada, um escritório localizado em um edifício da rua Piauí, um condomínio na Gleba Palhano e a sede da Econorte, que administra algumas praças de pedágio no Estado, como a de Jataizinho (20 km de Londrina), foram vasculhados pela Lava Jato. A força-tarefa estima um superfaturamento de até 89% no valor da tarifa cobrada no Paraná. De acordo com a Receita Federal, R$ 56 milhões foram desviados em três anos.