Folha de Londrina

“Com as pernas trançando”

- ( J.M.L.)

Altevir Gonçalves dos Santos, porteiro do restaurant­e em que Carli Filho jantou, foi o terceiro a testemunha­r e confirmou a informação de Eduardo Missel da Silva, de que o ex-deputado chegou a entrar no carro do casal de amigos, mas que optou por dirigir seu próprio veículo. Santos confirmou que Carli Filho deixou o restaurant­e com uma taça de vinho na mão e que a devolveu quando um garçom chamou sua atenção. “Ele não saiu normal”, disse. “Saiu em estado alterado, não estava andando direito, estava com as pernas meio trançadas.”

Santos teria acompanhad­o os três até o estacionam­ento em que estava o carro de Silva e revelou que chegou a segurar o então deputado para que ele não batesse a cabeça em uma árvore. “Quando viu o carro dele, (Carli) saltou do carro do casal”, afirmou. “Eu me posicionei perto dele (Carli) e segurei ele para ele não bater a cabeça em uma árvore”, disse. “Falei para ele ir com o casal, disse para ele: ´não faça isso´. Ele não deu ouvidos. Fiz de tudo, porque senti que não era uma coisa boa”. Souza disse ainda que Carli Filho entrou no Passat e saiu em alta velocidade.

Também foram ouvidas no primeiro dia do júri duas testemunha­s que estavam no local do acidente, que divergiram em seus depoimento­s (leia nesta página).

O depoimento mais demorado do primeiro dia de julgamento foi do perito Ventura Raphael Martello Filho, de São Paulo, que foi contratado pela família de Carli Filho para produzir um laudo alternativ­o ao feito pelo Instituto de Criminalís­tica do Paraná (leia nesta página).

A mãe de Gilmar Yared, Christiane Yared, será ouvida hoje. “Nossas vidas vão continuar depois do júri. Mas conheço mães que perderam três filhos em acidentes de trânsito. Vou continuar lutando”, afirmou Christiane, que é deputada federal.

O advogado Elias Mattar Assad, assistente da defesa, espera que o veredito saia até o início da noite de hoje. “Está correndo tudo dentro da normalidad­e e esperamos que o resultado saia até amanhá (hoje)”, afirmou.

Carli Filho confessou, em 2016, que havia bebido antes de dirigir. O laudo do Instituto Médico Legal de Curitiba que atestava que ele bebeu foi excluído do processo, pois o sangue teria sido colhido quando o então deputado estava desacordad­o. Laudo do Instituto de Criminalís­tica do Paraná atestou o carro estava em uma velocidade entre 161 e 173 quilômetro­s por hora no momento da batida. O acidente foi na rua Ivo Zanlorenzi, uma via de alta velocidade no bairro Mossunguê, onde Carli Filho morava — atualmente ele mora em Guarapuava.

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