RECOMEÇO -
Jovens da escola onde um ex-aluno matou 17 pessoas há duas semanas retomam rotina
Clima de comoção marcou ontem a volta às aulas na escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida. Há duas semanas, instituição foi palco de um massacre. Um ex-aluno abriu fogo contra estudantes e professores, matando 17 pessoas. Dezenas de policiais e terapeutas acompanharam a retomada das atividades.
Parkland, Estados Unidos - Chorosos, desafiadores e rodeados de mensagens de apoio, flores e uma forte presença policial, os estudantes voltaram nesta quarta-feira (28) a sua escola em Parkland, na Flórida, onde um ex-aluno matou 17 pessoas há duas semanas.
Ao sair da escola Marjory Stoneman Douglas (MSD) nesta cidade ao norte de Miami, alguns estudantes se mostravam sombrios e falavam em tom grave e monotóno, olhando para o chão. Uma delas foi Kimberly Miller, 14 anos, cujo professor de Geografia, Scott Beigel, foi um dos 17 mortos em 14 de fevereiro pelas mãos do ex-aluno Nikolas Cruz, de 19 anos. “É muito triste porque meu professor de Geografia não estava ali e tivemos que ir para outra sala e falar com as pessoas”, contou à AFP. Mas “havia muitos terapeutas e se você ficasse triste podia sair da aula e conversar com alguém para passar a dor.”
Cerca de 95% dos 3.300 alunos da MSD foram à escola nesta quarta-feira, disse em coletiva de imprensa o superintendente de escolas do condado de Broward, Robert Runcie. “Demos um passo importante no processo de recuperação”, assinalou. Os estudantes “continuam sendo jovens inspiradores e seguem nos mostrando sua força”.
No início da manhã, dezenas de policiais e equipes da SWAT se alinharam nas calçadas para saudar os alunos, um a um, com um “bom dia”. Na saída, um grupo de policiais entregava flores e duas mulheres distribuíam biscoitos.
William, 17 anos, não quis dar seu sobrenome. Dois de seus colegas de classe, Nicholas Dworet e Meadow Pollack, morreram no massacre. “Foi muito triste voltar e não ver meus amigos. (...) É tudo um pouco esmagador”, declarou.
Os professores não deram aulas convencionais, mas se dedicaram a debater o ocorrido. Cerca de 150 terapeutas estavam disponíveis se os estudantes se sentissem mal.
Para animá-los, centenas de vizinhos e ex-alunos os receberam pela manhã com cartazes escritos “Nós amamos vocês” e “Estamos com vocês”. “Pode ser muito difícil para eles voltarem às aulas”, afirmou a psiquiatra Nicole Mavrides, da Universidade de Miami e integrante da equipe de Ciência do Comportamento que enviou terapeutas de dor para Parkland. “Mas é preciso que saibam que ninguém está esperando que seja fácil, é preciso dizer a eles que está tudo bem ter medo, e que tudo bem que sintam raiva”, afirmou Mavrides à AFP.