“Eu errei, eu bebi, eu dirigi”
Na noite de terça-feira (27), primeiro dia do julgamento em Curitiba, o exdeputado estadual Luiz Fernando Carli Filho admitiu que bebeu antes de dirigir e pediu desculpas às famílias de Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. Ele não foi questionado durante sua fala, a última do dia no Tribunal do Júri, depois que todas as testemunhas já tinham sido ouvidas.
“Eu errei, eu bebi, eu dirigi. Foi o maior erro da minha vida”, disse. “Eu só não podia prever que aquele carro passaria na minha frente”. O ex-parlamentar pediu desculpas às famílias das vítimas. “Nunca tive oportunidade de pedir desculpas pelo que causei. Os filhos de vocês morreram e eu quero, do fundo meu coração, pedir desculpas”.
Em sua fala, Carli Filho repetiu que “não tinha a intenção de matar” — tese defendida pela defesa, que tentava uma condenação por homicídio culposo. “Eles não tiveram a intenção de morrer, mas eu não tinha a intenção de matar. Eram dois jovens, eu também era jovem”, afirmou o ex-deputado, que tinha 26 anos na época do acidente.
Mãe de uma das vítimas, Christiane Yared disse não ver sinceridade no pedido de desculpas. “Ele devia ter me abraçado e pedido perdão. Tive que ver imagens do meu filho morto”, afirmou. Ontem, ela disse que o perdoa. “Eu o perdoo. O que queremos é justiça.”
O advogado Roberto Brzezinski Neto, um dos defensores de Carli Filho, explorou a tese de que ele “não tinha a intenção de matar” durante o julgamento. Brzezinski chegou a dizer a acusação contratou uma agência de publicidade, logo após o acidente, para criar comoção. “Contratou-se uma agência de publicidade sob o slogan ‘190 quilômetros é crime’ para tornar o fato mais grave”, afirmou em sua fala durante o julgamento.
Outro defensor de Carli Filho, o advogado Alessandro Silvério, disse que a acusação criou uma suposta história de racha para caracterizar o crime como dolo eventual. “Só há dois casos de dolo eventual em trânsito, racha e roleta russa (passar o sinal fechado propositalmente”, afirmou.
( J.M.L.)