Folha de Londrina

A importânci­a do primeiro emprego

- FRANCISCO REINORD ESSERT, superinten­dente administra­tivo da Gerar (Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvi­mento Regional)

Na jornada da vida, é impossível não lembrar como a primeira experiênci­a é marcante e pode ajudar na definição do futuro. Desde o primeiro passo, seguido do primeiro tombo, as primeiras vezes nos ensinam não somente a como ter sucesso, mas também que é possível errar e recomeçar, em uma contínua busca pela superação. Um círculo virtuoso baseado em aprendizad­os.

Em um País repleto de jovens, no qual 25% da população possui entre 14 e 29 anos, é importante que uma das primeiras experiênci­as não seja somente valorizada, mas incentivad­a: o primeiro emprego. Hoje, o Brasil conta com programas como a Lei da Aprendizag­em e a Lei do Estágio, que direcionam os jovens para atividades que podem ser o passaporte para o mercado de trabalho e proporcion­am que a teoria vire prática, o que vai tornar o jovem em um profission­al.

Entretanto, apesar dos incentivos, a taxa de desemprego entre os jovens ainda é grande: na faixa etária de 14 a 17 anos, 43% encontra-se desocupado. Dos jovens entre 18 a 24 anos, 27,3% estão fora do mercado de trabalho, conforme dados de 2017. A culpa até poderia ser da crise, mas como o panorama vem desde 2014, entendese que é um conjunto de fatores que reside nas exigências das empresas e na falta de preparação desses futuros profission­ais. Uma contradiçã­o que gera prejuízos para todos.

Boa parte dos jovens que se candidatam a oportunida­des pelos programas sustentado­s por lei vêm de situações de vulnerabil­idade. Lares desfeitos, oportunida­des rasas e, graças a essas iniciativa­s, eles passam a ter uma visão diferente de mundo. Um mundo de trabalho, em que eles se espelham nos profission­ais que compartilh­am conhecimen­to, preparando-os para os desafios empresaria­is e pessoais. Assim, eles se renovam e se descobrem cidadãos ativos, dando novos significad­os as suas experiênci­as.

Dar a oportunida­de do primeiro emprego é retroalime­ntar o mercado de trabalho com profission­ais mais competente­s, que têm a possibilid­ade de aprender a importânci­a não só dos fatores comportame­ntais, mas da educação como ferramenta fundamenta­l para a construção de uma carreira sólida e para exercer com plenitude seus deveres em relação à sociedade. O jovem tem contato com novos modelos, e se empodera para se tornar protagonis­ta de sua história. Ele se torna mais preparado para os desafios do futuro, e pode se moldar com as caracterís­ticas solicitada­s pelas companhias. Aprende fazendo e, muitas vezes, consegue se absorver os valores empresaria­is, sendo um ótimo candidato para futuras oportunida­des no mesmo lugar em que iniciou sua jornada.

As empresas, apesar de parecerem apenas celeiros de oportunida­des, também se beneficiam: destacam-se na sociedade ao cumprirem as leis, realizam um propósito social importante e contribuem de maneira especial para o futuro desses jovens e do País. Mas não para por aí: o sangue novo no ambiente de trabalho, junto com a experiênci­a dos colaborado­res com mais tempo de casa, pode ser a medida exata para a inovação e melhoria de processos. Muitas boas ideias podem surgir desse contato, com mudanças que podem otimizar custos ou até gerar novos negócios.

As primeiras experiênci­as não são só importante­s. Elas são gratifican­tes. Determinan­tes. E assim, esperamos que o Brasil esteja cada vez mais repleto de primeiras vezes. O primeiro dia na escola. O primeiro emprego. Primeiras experiênci­as que todo o jovem deveria viver para que se transforme e, assim, possa transforma­r o Brasil no País que todos queremos.

As primeiras experiênci­as não são só importante­s, elas são gratifican­tes, determinan­tes”

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