Ceticismo
Pesquisa realizada pelo MP-PR revela que apenas cinco a cada cem jovens entrevistados participam de grêmios estudantis
Pesquisa aponta que oito a cada dez alunos nunca participaram de grêmios estudantis. Para o Ministério Público, sem envolvimento dos jovens, perspectiva de mudança na política é baixa. Presidente do grêmio do Colégio Hugo Simas, Noádia Tenório concorda que o desinteresse impera
Apolítica estudantil não atrai os jovens. Segundo pesquisa divulgada pelo Ministério Público do Paraná, 5,54% dos estudantes entrevistados têm participação direta em grêmios estudantis, enquanto mais de 80% afirmam que jamais tiveram qualquer contato com os grupos. Os dados divulgados pelo MP em janeiro de 2018 se chocam com os acontecimentos do fim de 2016, quando uma onda de ocupações foi realizada em todo o Brasil e chegou ao Paraná tendo como pauta as críticas à reforma do ensino médio proposta pelo governo federal. Segundo o site Ocupa Paraná, o número de escolas participantes chegou a 850, somadas a 14 campi de universidades e três núcleos de educação.
“Não necessariamente os que responderam as perguntas participaram ou não das ocupações. Uma das perguntas até foi se eles participaram, mas não é a mesma coisa. (A ocupação) foi uma reação imediata à reforma do ensino médio, uma organização que trouxe críticas à administração pública, mas acho que não há uma correlação. Aquele movimento teve um significado político, mas nesse contexto não refletiu significativamente uma continuidade”, afirma Eduardo Cambi, promotor de justiça e coordenador do Geração Atitude, projeto ligado ao movimento Paraná Sem Corrupção, que visa a formação cidadã de jovens e adolescentes. O projeto tem a parceria da Secretaria Estadual da Educação.
O levantamento do MP contou com a participação de 10.952 alunos de ensino médio de 176 escolas públicas do estado. Realizado em outubro de 2017, teve o objetivo de investigar o conhecimento dos jovens sobre temas relacionados à cidadania e à política.
O resultado da pesquisa gera preocupação no coordenador do projeto. Além de não demonstrarem empenho pela participação em grêmios estudantis, os jo- foram questionados quanto às eleições de diretores dos colégios e mesmo às eleições gerais de 2018, para escolha de deputados, senadores, governador e presidente. “São alunos do ensino médio que já podem votar, participar das eleições, e eles estão realmente com pouca expectativa. Além disso, há uma baixa percepção da democracia e da política”, frisa Cambi. “Isso é grave porque tem por outro lado pessoas mais velhas que também estão desiludidas com a política, com o Brasil, e quando esse desânimo atinge os jovens a perspectiva de mudança é muito baixa.”
Em Londrina, mais de 20 escolas foram ocupadas durante o período que ficou conhecido como “Primavera Secundarista”. Uma das instituições que esteve presente nos protestos e manteve o grêmio estudantil em curso foi o Colégio Estadual Hugo Simas (área central). “Nós reativamos o grêmio estudantil em 2016, eles começaram tomando muitas decisões importantes, estruturaram. No fim daquele ano o presidente se formou e em 2017 foi constituída uma nova chapa, realizadas novas eleições e esse processo mexeu de novo com os alunos”, apontou Sandra Regina Denipoti, diretora do colégio.
O grêmio não conseguiu ser tão atuante em 2017 como foi em 2016, até por causa do processo de eleição. Depois, novos trabalhos começaram a ser realizados no colégio. “Nós propusemos algumas reformas, (como na) quadra, auditório, bebedouros. Duas coisas já estamos colocando em prática, que é a rádio da escola, que começou a funcionar no primeiro dia de