Desconhecimento sobre o tema atrapalha
Em janeiro deste ano, 50% dos familiares em Londrina não autorizaram a doação de órgãos. Conforme dados da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), dos 14 doadores viáveis, parentes de apenas quatro pessoas autorizaram a captação de órgãos. Em sete casos houve recusa familiar. Nos demais, a doação não foi concretizada por motivos técnicos.
A coordenadora regional da Organização de Procura de Órgãos da Central Estadual de Transplantes, Ogle Beatriz Bacchi, destacou que são várias as razões para que haja uma decisão contrária à doação. Pesquisas apontam que, entre elas, estão o desconhecimento sobre o tema, a declaração em vida de que o parente não gostaria de ser um doador, familiares contrários à doação, dúvidas sobre a integridade do corpo após a captação dos órgãos, desgaste e cansaço dos familiares depois de um longo período de internação do paciente e problemas ou falhas ao longo do atendimento hospitalar.
“Uma comissão bem preparada para estabelecer o acolhimento desta família e estabelecer uma relação de ajuda extra consegue reverter grande parte dessas situações. Não se trata de convencer as pessoas para que haja a doação, se trata de esclarecer, de dar transparência e informar essas famílias para que elas tenham mais autonomia na hora da decisão”, explicou.
Apesar do alto índice de recusa dos familiares na região de Londrina, no mês de fevereiro houve autorização para a captação de órgãos de, pelo menos, três pacientes, e dois casos ocorreram em apenas uma semana. Além da captação do dia 18 no Hospital Evangélico - fígado, rins e tecidos como córneas e válvulas cardíacas -, um paciente de 63 anos que estava internado em Apucarana, diagnosticado com traumatismo craniano, teve morte cerebral constatada na mesma semana. Com a autorização da família, fígado, rins e córneas foram transplantados em outros pacientes.
( V. C.)