Recusa familiar ainda é principal desafio para doação
No ano passado, 231 famílias se recusaram a doar órgãos de pacientes internados em hospitais do Paraná após o diagnóstico de morte encefálica. O índice chegou a 32% do total de possíveis doadores. Nas regiões de Londrina e Maringá a recusa familiar foi de, aproximadamente, 40%. Para a coordenadora do SET (Sistema Estadual de Transplantes), Arlene Badoch, o principal desafio é reduzir esse indicador.
A gerente do Núcleo de Segurança do Paciente e responsável pela Comissão Intrahospitalar de Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital Evangélico de Londrina, Elizabeth Capelo, destacou que o acolhimento das famílias é realizado de forma constante, em especial quando se trata de parentes de pacientes graves. “Isso já traz proximidade e acolhimento, independente de protocolos para a doação e gera um laço de proximidade com a equipe. A nossa grande preocupação é que as famílias tenham o entendimento sobre os procedimentos realizados e se sintam acolhidas. O nosso maior foco é a humanização”, ressaltou.
Durante todo o processo de diagnóstico de morte encefálica existe a fase do luto que precisa ser respeitada. Quando há a possibilidade de doação de órgãos, a equipe busca sanar todas as dúvidas das famílias para que elas obtenham os esclarecimentos necessários antes de tomar uma decisão definitiva.
Em setembro do ano passado, a equipe do hospital acolheu a vendedora Patrícia da Silva Araújo enquanto a mãe, de 51 anos, estava internada com diagnóstico de aneurisma cerebral. Patrícia, a mais velha entre cinco irmãos, decidiu pela doação dos órgãos após a constatação da morte encefálica. “A decisão em si não foi difícil. Difícil foi perder a minha mãe... Como a gente já conversava em casa sobre doação de órgãos, acho que ela, ao longo do tempo, foi entendendo melhor essa questão. Quando ela morreu, vi que seria uma forma de agradecer pela vida dela. É como se a pessoa que a gente ama deixasse uma semente em um momento especial”, comentou. Pelo menos, seis órgãos foram repassados a outros pacientes.
(V.C.)