Mostra ‘M’ retrata mulheres marginalizadas
A partir desta quarta-feira (7), Curitiba recebe fotografias de Gabriel Bonfim, exposição traz mulheres que lutam por seu lugar na sociedade
Na véspera do Dia Internacional da Mulher (8), o tema “a mulher e o seu lugar no mundo” ocupará o Museu da Fotografia de Curitiba. A exposição é do fotógrafo brasileiro radicado na Suíça Gabriel Bonfim. O título “M” faz referência à “mulher” e “Maria”, nome feminino mais popular na América do Sul, e apresenta mulheres marginalizadas e que lutam para reconquistar o seu espaço na sociedade, como Maria da Penha - a farmacêutica que lutou para que seu agressor fosse condenado e hoje dá nome à lei que combate a violência doméstica.
Curitiba, “uma cidade importante no âmbito nacional e, que, além de uma referência no campo da fotografia, tem uma grande quantidade de grupos e instituições que lutam pelos direitos das mulheres”,segundo o fotógrafo, será a primeira cidade a inaugurar a exposição, que também será apresentada em São Paulo, a partir do dia 8, e no Rio de Janeiro, a partir de 14 de março.
Na exposição, Bonfim retrata cenas aparentemente comuns na vida de mulheres brasileiras para fazer jus ao slogan “Meu lugar na sociedade”. No registro da transexual na escadaria Selarón, no Rio de Janeiro, ou da Ialorixá na igreja da Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador, as imagens descortinam histórias para levar o espectador a perceber dificuldades enfrentadas por elas.
Em duas salas do museu, serão expostas fotografias em cores das mulheres apresentadas neste trabalho, além de uma vídeoinstalação em 11 telas e uma série de 12 imagens da coleção “Portraits”, composta por retratos tirados por ele em todo o mundo.
“Busquei resgatar a história de luta de cada uma das convidadas a partir de onde as fotografei. É como se ao retratá-las ali – nos mais belos e importantes locais no centro dessa sociedade – pudéssemos ressignificar aquele espaço e, assim, como protagonistas de suas próprias histórias, elas retomariam o seu lugar na sociedade que as marginalizou. Meu trabalho tem como objetivo trazer um pouco desse incômodo para que toque as pessoas e as leve a pensar”, declara.
O projeto surgiu em 2013, em meio à sessão de fotos de Melissa, dona de uma história de luta por aceitação que o fez iniciar uma pesquisa por nomes para compor a série. Segundo ele, “contrastar a beleza do lugar e a dor daquela história me fez querer retratar tantas outras mulheres e suas lutas cotidianas”.
As fotografias, que tem curadoria de Thomas Kurer, guardam ainda uma interação entre si, narrando um enredo bem típico da mulher brasileira. A partir da observação das histórias ambientadas nos mais diversos estados do país, as imagens convidam o visitante a uma reflexão sobre a forma como tratamos as mulheres no geral e, em particular, sobre a luta de cada uma para ocupar seu lugar na sociedade.
*Supervisão: