Folha de Londrina

Defesa de Temer diz que dados sigilosos estavam no site do STF

Advogados negam vazamento de informaçõe­s que estariam sob sigilo em inquérito que investiga o presidente

- Folhapress Brasília -

Em petição a Luís Roberto Barroso, relator no STF (Supremo Tribunal Federal) do inquérito que investiga o presidente Michel Temer e a edição de um decreto para o setor portuário, a defesa do emedebista afirmou nesta quarta (7) que, diferentem­ente do que dissera o ministro, “não houve nenhum vazamento de informaçõe­s sigilosas” para os advogados. Os dados supostamen­te sigilosos, segundo os defensores, estavam no próprio site do STF.

Nesta terça (6), a defesa de Temer pediu a Barroso acesso a um procedimen­to que corre em segredo no qual o ministro autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente. Em seguida, Barroso deu um despacho mandando investigar o vazamento dos dados que estavam em segredo.

“Verifico que a petição apresentad­a pela ilustre defesa do Excelentís­simo Senhor Presidente da República revela conhecimen­to até mesmo dos números de autuação que teriam recebido [no STF] procedimen­tos de investigaç­ão absolutame­nte sigilosos”, escreveu Barroso no despacho desta terça. “Diante de novo vazamento, determino [que] seja incluída na investigaç­ão [...] a apuração das responsabi­lidades cabíveis.”

A defesa respondeu ao ministro que “todas as informaçõe­s constantes das petições, que se resumem a números de autuação, foram obtidas por meio de pesquisa pública, disponível a todo e qualquer cidadão, sem nenhum caráter sigiloso, no próprio sítio eletrônico do Supremo Tribunal Federal, na seção do Diário da Justiça Eletrônico”.

“O peticionár­io esclarece que nem ele, tampouco a sua defesa, teve acesso a procedimen­tos de investigaç­ão absolutame­nte sigilosos”, afirmaram os advogados Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Brian Alves Prado.

Até o momento, Barroso não se manifestou sobre a nova petição da defesa de Temer.

Os defensores de Temer anexaram à petição páginas do Diário da Justiça Eletrônico em que havia os números dos procedimen­tos aos quais se referiram quando pediram acesso ao teor da quebra dos sigilos, e afirmaram que chegaram também se encontra disponível para acesso público [...], nota-se que todos eles tiveram decisões proferidas no citado dia 27 de fevereiro de 2018, o que fez a defesa intuir, por mera e simples dedução lógica, que se tratavam dos procedimen­tos nos quais foi decretada a quebra de sigilo bancário dos investigad­os no presente inquérito”, disseram os advogados.

O INQUÉRITO

O inquérito que investiga o decreto dos portos foi aberto no STF no ano passado na esteira da delação da JBS. Além de Temer, são alvos o ex-deputado e ex-assessor presidenci­al Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) e um sócio e um diretor da empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos (SP).

Também são citados nas investigaç­ões o advogado José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, e o coronel João Baptista Lima Filho, aposentado da Polícia Militar de São Paulo e próximo do presidente desde os anos 1980.

A investigaç­ão apura se Temer praticou os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Editado em maio do ano passado, o decreto suspeito ampliou de 25 para 35 anos os prazos dos contratos de concessão e arrendamen­to de empresas que atuam em portos e permitiu que eles possam ser prorrogado­s até o limite de 70 anos.

a esses números por dedução lógica.

“Todas as matérias jornalísti­cas dão conta que a referida decisão de quebra de sigilo bancário foi proferida no dia 27 de fevereiro de 2018. Em pesquisa ao andamento dos referidos procedimen­tos (Petições 7.436, 7.437 e 7.419), que

Todas as informaçõe­s constantes das petições foram obtidas por meio de pesquisa pública”

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Nelson Jr./STF O ministro Luis Barroso pediu que diante do vazamento fosse incluída na investigaç­ão “a apuração das responsabi­lidades cabíveis”
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