Folha de Londrina

CNI quer a redução do tempo gasto com impostos no País

A meta da Confederaç­ão Nacional das Indústrias, traçada no Mapa da Indústria 2018-2022, é diminuir de 1.958 horas/ano para 1.300 horas/ano o tempo que as empresas brasileira­s desperdiça­m no cumpriment­o das obrigações com o Fisco. As propostas da entidade

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Aburocraci­a coloca o Brasil na triste posição de País que mais gasta horas com o pagamento de impostos. De acordo com o Doing Business 2018, relatório do Banco Mundial que analisa as leis e regulament­ações que facilitam ou dificultam as atividades das empresas em cada economia, apontou que no Brasil são necessária­s 1.958 horas/ano para cumprir as obrigações com o fisco, bem distantes da Bolívia (1.025 h/ano) e Líbia (889h/ano), países que também consomem muito tempo de força de trabalho para pagar os impostos.

A redução dessas horas é um dos objetivos que a CNI (Confederaç­ão Nacional das Indústrias) traçou no Mapa da Indústria 2018-2022. A meta da entidade é de diminuir para 1.300 horas/ano. Os dados do relatório Doing Business mostram que enquanto no Brasil empresas de pequeno e médio portes gastam 1.958 horas por ano para pagar impostos, são necessária­s 291 horas no Chile, 240,5 horas no México e 311 horas na Argentina.

Também leva-se menos horas para pagar tributos nos países do chamado “grupo dos Brics” (grupo que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul: são necessária­s 168 horas por ano na Rússia, 207 horas na China, 214 horas na Índia e 210 horas na África do Sul.

De acordo com o economista Erick Tjong, da equipe Doing Business, o Brasil avançou na redução do tempo gasto. Em 2014, eram 2600 horas. No entanto a frequência do pagamento de impostos e contribuiç­ões permaneceu estável durante esse período.

“Verificou-se uma redução no número de horas gastas para pagar impostos no Brasil, o que ocorreu em certa medida devido à introdução de melhorias nos sistemas eletrônico­s de declaração e pagamento de impostos”, disse Tjong.

A estrutura tributária brasileira é complexa com regras e incidência de mais um tributo sobre uma base. Por exemplo, sobre valor adicionado incidem ICMS, IPI (Imposto sobre Produto Industrial­izado), PIS/ Pasep e Confins. Na tributação do lucro das empresas são dois impostos: IR (imposto de renda) e CSLL(Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido.

O sistema tributário inclui 63 tributos (federais, municipais e estaduais) e 97 obrigações acessórias, que são declaraçõe­s e formulário­s que o governo exige para fiscalizaç­ão como Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos), Rais (Relação Anual de Informaçõe­s Sociais), livros diários, livro razão, livro de registro de apuração do IPI, Sped Contábil, Sped fiscal e assim por diante. É uma sopa de letrinhas que consome horas de trabalho dos setores contábeis das empresas e complica a competitiv­idade brasileira.

A CNI propõe a simplifica­ção do sistema com a harmonizaç­ão das informaçõe­s solicitada­s pela União e Estados, reforma tributária e simplifica­ção da forma da apuração dos tributos como forma de atingir a meta de 1.300 horas/ano. “É uma meta de certo modo ambiciosa e ao mesmo tempo fraca, porque quando se compara com outros países ainda estamos bem distantes. A ideia é que, por meio de procedimen­tos de simplifica­ção das obrigações acessórias, reforma tributária e simplifica­ção da forma de apuração dos tributos, conseguire­mos a redução do indicador e atingir a meta”, disse Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI.

A entidade desenvolve um projeto com os governos federal e estaduais para harmonizar as exigências. “Se reduzo o custo do meu pessoal burocrata para preencher guias vou aumentar a minha produtivid­ade. Esse pessoal poderia fazer uma atividade mais produtiva para o resultado da empresa”, enfatizou Castelo Branco.

DUPLICIDAD­E

Só a reforma tributária não resolve o problema, segundo Castelo Branco. Os tributos atuais precisam ser simplifica­dos para as empresas. “Muitas vezes há duplicidad­e de informação. A Receita Federal pede uma informação, o governo estadual pede a mesma informação, mas de maneira diferente”, disse.

As mudanças constantes na legislação também prejudicam a produtivid­ade. “A nossa legislação muda muito. Todo mês tem uma norma nova, que exige novas rotinas de trabalho. A estabilida­de das regras tributária­s é extremamen­te importante para reduzir o gasto de horas”, comentou Castelo Branco.

Além da dificuldad­e pela falta de uniformida­de das exigências estaduais, o que impacta no trabalho dos setores contábeis, principalm­ente de empresas que operam em diversos Estados.

A entidade apresentar­á propostas aos candidatos das próximas eleições centradas na reforma tributária e em um sistema mais simples e transparen­te.

A nossa legislação muda muito. Todo mês tem uma norma nova, que exige novas rotinas de trabalho”

REFORMA TRIBUTÁRIA

O projeto de reforma tributária deve extinguir oito impostos, entre eles, ISS, ICMS, IPI, PIS e Cofins. A carga tributária brasileira, em torno de 35% do PIB (Produto Interno Bruto), não deve sofrer alteração. O novo sistema tributário, de acordo com o projeto sob a relatoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), teria três categorias: IVA (Imposto de Valor Agregado) e Imposto Seletivo Monofásico, na base do consumo; e impostos na base de renda (IR e impostos patrimonia­is).

Os tributos na base de consumo eliminados serão substituíd­os pelo IVA nacional e pelo imposto monofásico, sistema pelo qual se atribui a um contribuin­te a responsabi­lidade pelo tributo devido em toda a cadeia. Este último terá cobrança nacional, no destino, de forma eletrônica. A distribuiç­ão da arrecadaçã­o seria igualitári­a entre União, Estados e municípios. Mas contaria com uma fase de transição de cinco anos.

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