ATUALIZAÇÃO
Profissionais de qualquer área devem demonstrar curiosidade, raciocínio, atualização constante e domínio da linguagem digital
Mercado de trabalho quer profissional com habilidade para melhorar a produtividade e domínio da linguagem digital
Passou o tempo em que um curso de Excel ou Powerpoint enriqueciam o currículo e deixavam o candidato a uma vaga de emprego com cara de “especialista” em tecnologia. No mercado de trabalho de hoje, mais importante do que utilizar corretamente um programa é ter facilidade de aprendizado, buscar atualizações constantes e dominar a linguagem digital — não basta usar um aplicativo, é preciso ser capaz de aprender rapidamente a operar com qualquer um deles.
“O que as empresas esperam hoje de um profissional é um ‘pensar computacional’”, define Adeildo Nascimento, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Paraná (ABRH-PR). “Antigamente havia a necessidade de um curso de Powerpoint, por exemplo. Hoje, a pessoa tem que entender como programas e aplicativos funcionam, como é essa linguagem.”
Nesse novo ambiente do mercado, diz o diretor da ABRH-PR, autonomia com base em conhecimentos prévios e curiosidade são essenciais. “Hoje existe o aprendizado autônomo. As coisas estão no Google, no Youtube, é só ver um tutorial e aprender como se faz. Nada, teoricamente, é novo”, afirma Nascimento. “A pessoa deve mostrar que não tem problemas para lidar com a tecnologia. Todo profissional, de qualquer área, deve ser hábil para melhorar a produtividade e os processos de trabalho”.
Carlos Souza, diretor da Udacity para a América Latina, avalia que, quando o assunto é tecnologia, um aspecto essencial para o profissional do século 21 é buscar atualizações constantes. “É muito importante que a pessoa aprenda constantemente, isso independe se ela está começando, está no meio ou no fim da carreira”, recomenda. “Essa é a principal habilidade que o mercado busca hoje. Os profissionais mais procurados são os que nunca param de se atualizar.”
Essa atualização, diz Souza, implica em não ficar preso a teorias. “Aprender teoria é algo que tem valor se a pessoa quiser seguir uma carreira acadêmica. Para o mercado, ela tem que praticar. Tem que colocar a mão na massa, aprender habilidades específicas”, alerta. Na prática, significa que o profissional não pode ter medo de testar novas tecnologias. Depois de estudar como determinado programa ou aplicativo funciona, é preciso mexer com ele até dominálo. E o processo deve ser constante, à medida em que aparecem novos desafios.
No Brasil, afirma o diretor da Udacity, há um campo em expansão nesta área, até pelo fato de o País ainda estar atrás de outras nações em termos tecnológicos. “Não vejo isso como algo negativo, mas como uma grande oportunidade de treinamento. O mercado vem buscando profissionais direto na universidade, mas o Brasil tem um número de acadêmicos pequeno em relação a países como Estados Unidos e China”, afirma Souza. A Udacity nasceu como uma experiência da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. No Brasil, atua também a partir de demandas de empresas e da indústria na área de tecnologia, com curso e treinamentos.
CURIOSIDADE E RACIOCÍNIO Nem as próprias empresas de tecnologia levam em conta apenas os conhecimentos na área na hora de contratar. Proprietário de uma empresa de tecnologia em Londrina, a MZ Tecnologia, Brahim José Malaque Neto avalia quesitos como raciocínio lógico e curiosidade em possíveis colaboradores. “Independentemente de uma técnica apurada em determinada linguagem de programação, preferimos pessoas com raciocínio lógico, que possam aprender rápido”, revela. “Procuramos o perfil do curioso. Quem tem um bom raciocínio lógico é mais flexível para trocar de tecnologia e de plataforma”.
A recomendação de Laerte Holak Zaccarelli, que também trabalha na MZ, é para os profissionais de qualquer área nunca pararem de conhecer os avanços tecnológicos. “Se a pessoa parar um ano, vai ficar atrasada.” Ele mesmo chegou a estudar Direito e Administração para agregar valor ao seu trabalho com tecnologia. “O profissional não pode ficar em uma bolha, falando só com as mesmas pessoas. Tem que fazer outras coisas, para ter opiniões diferentes”.
Há dois anos no mercado, a MZ atua dentro das características do novo ambiente de negócios: tem colaboradores remotos e desenvolve soluções específicas na área de tecnologia para indústrias. “A gente tem um profissional em São Paulo e outro em Curitiba, com perfis muito específicos. Conseguimos manter um bom relacionamento mesmo à distância, nos falamos por videoconferência. O contato direto não é mais necessário”, afirma Brahim.