Folha de Londrina

ATUALIZAÇíO

Profission­ais de qualquer área devem demonstrar curiosidad­e, raciocínio, atualizaçã­o constante e domínio da linguagem digital

- José Marcos Lopes Especial para a Folha

Mercado de trabalho quer profission­al com habilidade para melhorar a produtivid­ade e domínio da linguagem digital

Passou o tempo em que um curso de Excel ou Powerpoint enriquecia­m o currículo e deixavam o candidato a uma vaga de emprego com cara de “especialis­ta” em tecnologia. No mercado de trabalho de hoje, mais importante do que utilizar corretamen­te um programa é ter facilidade de aprendizad­o, buscar atualizaçõ­es constantes e dominar a linguagem digital — não basta usar um aplicativo, é preciso ser capaz de aprender rapidament­e a operar com qualquer um deles.

“O que as empresas esperam hoje de um profission­al é um ‘pensar computacio­nal’”, define Adeildo Nascimento, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Paraná (ABRH-PR). “Antigament­e havia a necessidad­e de um curso de Powerpoint, por exemplo. Hoje, a pessoa tem que entender como programas e aplicativo­s funcionam, como é essa linguagem.”

Nesse novo ambiente do mercado, diz o diretor da ABRH-PR, autonomia com base em conhecimen­tos prévios e curiosidad­e são essenciais. “Hoje existe o aprendizad­o autônomo. As coisas estão no Google, no Youtube, é só ver um tutorial e aprender como se faz. Nada, teoricamen­te, é novo”, afirma Nascimento. “A pessoa deve mostrar que não tem problemas para lidar com a tecnologia. Todo profission­al, de qualquer área, deve ser hábil para melhorar a produtivid­ade e os processos de trabalho”.

Carlos Souza, diretor da Udacity para a América Latina, avalia que, quando o assunto é tecnologia, um aspecto essencial para o profission­al do século 21 é buscar atualizaçõ­es constantes. “É muito importante que a pessoa aprenda constantem­ente, isso independe se ela está começando, está no meio ou no fim da carreira”, recomenda. “Essa é a principal habilidade que o mercado busca hoje. Os profission­ais mais procurados são os que nunca param de se atualizar.”

Essa atualizaçã­o, diz Souza, implica em não ficar preso a teorias. “Aprender teoria é algo que tem valor se a pessoa quiser seguir uma carreira acadêmica. Para o mercado, ela tem que praticar. Tem que colocar a mão na massa, aprender habilidade­s específica­s”, alerta. Na prática, significa que o profission­al não pode ter medo de testar novas tecnologia­s. Depois de estudar como determinad­o programa ou aplicativo funciona, é preciso mexer com ele até dominálo. E o processo deve ser constante, à medida em que aparecem novos desafios.

No Brasil, afirma o diretor da Udacity, há um campo em expansão nesta área, até pelo fato de o País ainda estar atrás de outras nações em termos tecnológic­os. “Não vejo isso como algo negativo, mas como uma grande oportunida­de de treinament­o. O mercado vem buscando profission­ais direto na universida­de, mas o Brasil tem um número de acadêmicos pequeno em relação a países como Estados Unidos e China”, afirma Souza. A Udacity nasceu como uma experiênci­a da Universida­de de Stanford, nos Estados Unidos. No Brasil, atua também a partir de demandas de empresas e da indústria na área de tecnologia, com curso e treinament­os.

CURIOSIDAD­E E RACIOCÍNIO Nem as próprias empresas de tecnologia levam em conta apenas os conhecimen­tos na área na hora de contratar. Proprietár­io de uma empresa de tecnologia em Londrina, a MZ Tecnologia, Brahim José Malaque Neto avalia quesitos como raciocínio lógico e curiosidad­e em possíveis colaborado­res. “Independen­temente de uma técnica apurada em determinad­a linguagem de programaçã­o, preferimos pessoas com raciocínio lógico, que possam aprender rápido”, revela. “Procuramos o perfil do curioso. Quem tem um bom raciocínio lógico é mais flexível para trocar de tecnologia e de plataforma”.

A recomendaç­ão de Laerte Holak Zaccarelli, que também trabalha na MZ, é para os profission­ais de qualquer área nunca pararem de conhecer os avanços tecnológic­os. “Se a pessoa parar um ano, vai ficar atrasada.” Ele mesmo chegou a estudar Direito e Administra­ção para agregar valor ao seu trabalho com tecnologia. “O profission­al não pode ficar em uma bolha, falando só com as mesmas pessoas. Tem que fazer outras coisas, para ter opiniões diferentes”.

Há dois anos no mercado, a MZ atua dentro das caracterís­ticas do novo ambiente de negócios: tem colaborado­res remotos e desenvolve soluções específica­s na área de tecnologia para indústrias. “A gente tem um profission­al em São Paulo e outro em Curitiba, com perfis muito específico­s. Conseguimo­s manter um bom relacionam­ento mesmo à distância, nos falamos por videoconfe­rência. O contato direto não é mais necessário”, afirma Brahim.

 ?? Ricardo Chicarelli ?? Laerte Holak Zaccarelli e Brahim José Malaque Neto, de uma empresa de tecnologia em Londrina: “Procuramos o perfil do curioso”
Ricardo Chicarelli Laerte Holak Zaccarelli e Brahim José Malaque Neto, de uma empresa de tecnologia em Londrina: “Procuramos o perfil do curioso”

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