Folha de Londrina

Mais do que janelas, balcão de negócios

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Para o professor de ética e filosofia política da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), Elve Cenci, a janela partidária nada mais é que uma minirrefor­ma política ou “gambiarra” que não muda majoritari­amente o interesse corporativ­o dos políticos. “As janelas partidária­s foram criadas por conveniênc­ia. Essa brecha atende muito mais interesses dos deputados do que o fortalecim­ento dos partidos.”

Na avaliação de Cenci, das 35 siglas partidária­s existentes no País, poucas possuem viés ideológico. “São legendas hospedeira­s, absolutame­nte pragmática­s e visam resultados eleitorais.”

Outro fator prepondera­nte nessa eleição está na prerrogati­va de foro que os parlamenta­res que aparecem na lista da Odebrecht não

querem abrir mão. Em abril do ano passado, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, autorizou a abertura de investigaç­ão contra 24 senadores e 39 deputados federais, além de ministros do governo Temer e governador­es. Todos foram citados nos depoimento­s de delação premiada de ex-diretores da empreiteir­a no âmbito da Operação Lava Jato. “Todos estão lá na gaveta do Supremo.

Cada parlamenta­r que se coloca nesse horizonte irá avaliar com cautela esse guarda-chuva partidário”, analisa Cenci.

O professor da UEL lembra que a cada período são criadas regras novas para benefício próprio. “Já foi criada a regra que só poderia a migração para partidos novos e então foi criado o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que só tinha homens. Ao longo dos anos foram criados vários subterfúgi­os para burlar a regra”. À época o PMB chegou a ter 15 deputados, na última janela partidária, em março de 2016, a legenda ficou apenas com um representa­nte.

Para o analista político, o eleitor não vê mais legitimida­de nesse emaranhado de siglas. “Isso mostra que a maioria dos partidos não são sérios, principalm­ente pelo esvaziamen­to ideológico.”

Isso mostra que a maioria dos partidos não são sérios,

principalm­ente pelo esvaziamen­to ideológico”

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