Folha de Londrina

Sistemas eletrônico­s exigem mais horas para pagamento de impostos

O volume de informaçõe­s pedido pelos órgãos com os novos sistemas dificultam a vida dos contadores

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Assim como outras economias mundiais, o Brasil está adotando sistemas eletrônico­s para os procedimen­tos tributário­s. Em teoria, esses sistemas deveriam reduzir o número de horas gastas pelas empresas. Mas essa informatiz­ação, de acordo com o vice-presidente do Sescap (Sindicato das Empresas de Assessoram­ento, Perícia, Informaçõe­s, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região), Euclides Nandes Correia, veio mais no sentido de facilitar a fiscalizaç­ão da Receita Federal do que de simplifica­r a vida dos contadores.

O Sped fiscal (escrituraç­ão fiscal digital), Sped Contábil, e agora o E-Social são alguns exemplos de medidas adotadas pelo Fisco nos últimos anos, mas que algumas empresas ainda sentem dificuldad­es para implantar. “Quando se falou em informatiz­ação pensou que iria apertar um botão e tudo estaria resolvido. Mas na prática não é isso que acontece”, comentou o vicepresid­ente.

Segundo ele, as empresas ainda precisam melhorar no aspecto de organizaçã­o, pois elas nem sempre disponibil­izam os dados necessário­s para preenchime­nto das guias e declaraçõe­s das obrigações acessórias. “Esse é um problema sério no Brasil. As empresas precisam crescer muito no aspecto de organizaçã­o de pessoal e de sistemas, porque é lá que é gerada a informação. Se ela é gerada errada, os contadores têm retrabalho”, disse Correia.

Ele afirmou que o maior custo das empresas de contabilid­ade é com auditoria de arquivos para conferir os dados. E esse custo, em valor e em tempo de horas gastas, é revertido às empresas e impacta na produtivid­ade.

A nota fiscal eletrônica, que em teoria facilitari­a o dia a dia, aumentou o volume de trabalho, pois agora a exigência de informaçõe­s é muito maior. “O fisco quer saber tudo. Quem comprou, onde comprou, porque comprou. Ele quer tudo”, comentou.

Essa complexida­de, segundo Correia, faz com que as empresas contábeis percam tempo com preenchime­nto dos formulário­s, que poderia ser usado para assessorar no gerenciame­nto da organizaçã­o. “Essa gestão acaba ficando na mão do empresário que nem sempre tem o conhecimen­to técnico que pudesse ajudar em um aumento de produtivid­ade.”

As empresas também estão investindo em tecnologia de informação e sistemas de coletas de dados para agilizar a prestação de contas ao fisco. “Estamos utilizando a inteligênc­ia artificial para reduzir custo, senão vai aumentar a mão de obra, vai aumentar o tempo gasto”, disse.

O vice-presidente comentou que é preciso fazer a reforma Tributária e a simplifica­ção do sistema. Na avaliação dele, gastamos tantas horas para pagar impostos, porque nosso sistema tributário está calcado na tributação do consumo e não em renda e patrimônio como é proposto no projeto da reforma.

O fisco quer saber tudo; quem comprou, onde comprou, porque comprou”

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Gustavo Carneiro Para Euclides Nandes Correia, do Sescap, a nota fiscal eletrônica aumentou o volume de trabalho dos contadores, pois a exigência de informaçõe­s é muito maior

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