Profissões ameaçadas
A tecnologia não gera apenas benefícios para o mundo do trabalho. Na outra ponta do processo, à medida em que a técnica e a automação avançam, mais profissões ficam ameaçadas. Especialistas alertam que atividades mecânicas correm o risco de desaparecer. Por outro lado, atividades ligadas à área de entretenimento e bem-estar são campos cada vez mais promissores.
Carlos Souza, diretor da Udacity na América Latina (conhecida como Universidade do Vale do Silício), lembra que um estudo recente indicou que 400 milhões de postos de trabalho sumirão até 2030 em todo o mundo em decorrência dos avanços tecnológicos — no Brasil, o número chegará a 15 milhões. Divul- gado no ano passado, o levantamento da consultoria empresarial norte-americana McKinsey & Company foi feito em 46 países.
“Todas as profissões têm tarefas automatizáveis, em maior ou menor grau. Toda tarefa que é repetitiva tem o potencial de ser automatizada”, avalia Carlos Souza. “Os profissionais que melhor souberem lidar com os avanços tecnológicos vão estar à frente dos demais. Não só vão defender suas carreiras, como vão avançar.”
Adeildo Nascimento, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Paraná (ABRH-PR), avalia que esse processo vem levando ao crescimento de áreas ligadas ao entretenimento, à cultura e ao bem-estar. “Há uma visão otimista, de que à medida em que as tecnologias vão surgindo, surgem novos campos de trabalho. As pessoas têm mais tempo livre para fazer coisas que não fazem.” Para ele, o crescimento de determinados setores, como gastronomia e turismo, já são um reflexo disso. “São áreas que crescem a olhos vistos. Hoje, os vídeos mais acessados no Youtube são sobre turismo, música, beleza e bem-estar.”
Entre as profissões ameaçadas, avalia o diretor da ABRHPR, estão profissionais de varejo, motoristas, bancários e operadores de telemarketing. “Está havendo uma migração para o processo eletrônico, a previsão é de que no varejo as lojas passem a ser lojas conceito, com showroom e compras pela internet”, diz. “Profissões que usam processos repetitivos, nas quais se repete para chegar a um resultado, vão sumir do mercado. O futuro vai demandar profissionais que agreguem valor de conhecimento e valor intelectual ao processo.”