Qualquer exagero é prejudicial
Além da indicação de consumo de frutas e verduras (também fontes de fibras), o estudo leva ao aconselhamento da ingestão de fibras e carboidratos como arroz e trigo, mas em suas formas integrais, segundo Márcio Mancini, chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica do Hospital das Clínicas (HC) da USP.
O impacto disso, no futuro e com a realização de mais pesquisas, pode ser a indicação de novos tipos de dietas mais direcionadas às fibras - que já são consideradas importantes para pessoas com diabetes. “Ainda não se chegou ao nível de aconselhar algum tratamento, de passar cápsulas com prebióticos [nutrientes para bactérias benéficas se multiplicarem] ou probióticos”, diz Mancini.
Para André Zonetti, gastroenterologista do HC (Hospital das Clínicas) da USP, mais do que se pensar nas bactérias que poderiam ser manipuladas, o estudo mostra a importância de uma alimentação saudável, que, a longo prazo, consegue modificar a microbiota da pessoa. “A gente é o que gente come.”
Antonio Carlos do Nascimento, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, afirma que, além da questão da seleção da microbiota pelos alimentos, é importante também destacar outro papel de uma dieta rica em fibras. Esse tipo de alimentação diminui a velocidade de absorção do intestino e, dessa forma, evita picos glicêmicos. A longo prazo, esses aumentos repentinos podem acabar debilitando a ação do pâncreas - glândula responsável pela produção de insulina.
De acordo com Nascimento, as fibras também promovem uma sensação mais duradoura de saciedade e, dessa forma, podem diminuir as chances de consumo excessivo de alimentos.
Mesmo com os efeitos benéficos apresentados no estudo, Salles, da SBD, lembra que qualquer tipo de exagero alimentar é prejudicial e pode levar à obesidade e maior risco de diabetes. Não convém exagerar no pão integral, portanto.