Folha de Londrina

PF apura desvio de R$ 5,7 milhões em universida­de

Esquema desviava recursos por meio de licitações, 20 pessoas foram presas

- Simoni Saris Reportagem Local

Vinte suspeitos foram presos temporaria­mente ontem por suposto envolvimen­to em esquema de desvio de recursos do campus da UTFPR em Cornélio Procópio. Deflagrada pela Polícia Federal, Operação 14 Bis cumpriu ainda 26 mandados de busca e apreensão expedidos pela 5a Vara da Justiça Federal em Londrina. Veículos de luxo, embarcaçõe­s e joias foram recolhidos. Investigaç­ão apura favorecime­nto a empresário­s em processos licitatóri­os. Prejuízo é estimado em R$ 5,7 milhões

APF (Polícia Federal) em Londrina deflagrou na manhã desta terça-feira (13) a Operação 14 Bis que investiga um esquema de licitações fraudulent­as e desvios de dinheiro envolvendo ex-diretores do campus da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná) em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) e empresário­s do Estado. Na ação, foram cumpridos 20 mandados de prisão temporária e 26 mandados de busca e apreensão expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal em Londrina. A operação contou com o apoio da Controlado­ria-Geral da União no Paraná, Receita Federal e Ministério Público Federal.

O esquema começou a ser investigad­o há cerca de dois anos a partir de uma denúncia por suspeita de fraudes nos contratos mantidos com a UTFPR em que haveria o favorecime­nto de empresário­s de Cornélio Procópio em processos licitatóri­os. Com a denúncia, as investigaç­ões foram aprofundad­as e a PF constatou que um grupo de quatro ou cinco empresário­s, com o auxílio do então diretor-geral da universida­de, Devanil Antônio Francisco, e do diretor de Administra­ção e Logística da instituiçã­o, Sandro Rogério de Almeida, estavam obtendo privilégio­s nas licitações, que resultou em um prejuízo calculado até agora em R$ 5,7 milhões. Mas a PF acredita que a partir da análise do material apreendido nesta terça-feira, o valor desviado com as fraudes possa crescer.

Os mandados foram cumpridos em Cornélio Procópio, Uraí (Norte), Nova América da Colina (Norte) e Maringá (Noroeste). Entre os 20 presos nesta terça-feira, estão os dois ex-diretores da UTFPR, sete empresário­s e 11 “laranjas”. Entre os bens sequestrad­os, estão veículos de luxo, embarcaçõe­s, joias e US$ 27 mil em espécie. A Justiça também determinou o bloqueio de todos os bens.

Os “laranjas”, informou o delegado chefe da PF, Nilson Antunes da Silva, eram pessoas “simples e humildes”, empregados das empresas de fachada que provavelme­nte emprestara­m seus nomes em troca de algum benefício. Os presos foram encaminhad­os para a delegacia da PF em Londrina para serem ouvidos. pecialment­e no ramo de limpeza e conservaçã­o predial e os valores dos contratos eram superfatur­ados com a anuência de Francisco e Almeida. Mas também foram descoberta­s fraudes em outros contratos, como o de fornecimen­to de mão de obra, de peças e de combustíve­l.“A fraude era generaliza­da. Em todos os contratos que nós pegamos da UTFPR em Cornélio Procópio nesses dois anos e meio foram constatada­s fraudes”, disse o delegado chefe da PF.

Houve uma divisão entre as empresas participan­tes do esquema e havia um revezament­o nos contratos vitoriosos nos processos licitatóri­os. “Eram empresas de diferentes ramos. Eles influencia­vam em contratos diferentes em processos licitatóri­os diferentes”, destacou o delegado. Segundo a PF, Francisco e Almeida facilitava­m para um grupo de empresário­s, fornecendo informaçõe­s privilegia­das e direcionan­do e fraudando procedimen­tos licitatóri­os e, muitas vezes, aceitando documentos falsos para que esses empresário­s vencessem as concorrênc­ias.

Durante as investigaç­ões, a PF descobriu que os cinco empresário­s que se reveza- na prestação de serviços constituía­m a menor parte do esquema. A participaç­ão de uma sexta empresa foi descoberta, revelando um segundo núcleo de fraudes, de volumes ainda maiores, organizada­s por um empresário para desviar dinheiro de contratos firmados com outros órgãos públicos federais do de grande porte que não atuam na área de ensino. O esquema tinha desdobrame­ntos em outros estados do País. “Esse empresário mantinha diversas empresas em nome de laranjas e parentes para que concorress­em às licitações direcionad­as sempre às empresas dele”, relatou Silva. Os contratos ainda estão sendo analisados e por isso a PF não divulgou a lista dos órgãos federais suspeitos de envolvimen­to no esquema.

“Constatamo­s que havia um superfatur­amento, que se contratava serviços por muito além do valor e os serviços eram pagos, mas não eram executados de

REVEZAMENT­O As empresas atuavam esvam

forma efetiva”, afirmou o superinten­dente da Controlado­ria-Geral da União no Paraná, José William Gomes da Silva.

O superinten­dente reconheceu que o controle interno nas instituiçõ­es não é absoluto e que pode sofrer fragilidad­es, como a burla dos gestores. “O auditor interno não tem como saber se o gestor está burlando as regras da licitação, se há um conluio por trás, se ele é associado. Isso foge à esfera do controle interno, mas quando esse controle foi acionado, funcionou.”

 ?? Saulo Ohara ??
Saulo Ohara
 ?? Gina Mardones ?? Segundo a PF, a fraude nos contratos da UTFPR era generaliza­da nos dois últimos anos: prejuízo calculado em R$ 5,7 milhões até agora
Gina Mardones Segundo a PF, a fraude nos contratos da UTFPR era generaliza­da nos dois últimos anos: prejuízo calculado em R$ 5,7 milhões até agora
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil