Folha de Londrina

REMUNERAÇíO

Benefício, que será analisado em forma de anteprojet­o, deverá ser pago a quem acumula outras funções além do julgamento

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Deputados estaduais votam nos próximos dias anteprojet­o de lei que propõe nova gratificaç­ão para juízes e desembarga­dores que acumulam funções

A Assembleia Legislativ­a (AL) do Paraná deve receber nos próximos dias um anteprojet­o de lei que propõe nova gratificaç­ão para juízes e desembarga­dores do Estado, desta vez a ser paga a quem acumula outras funções além dos julgamento­s, como administra­tivas e de acervo processual. A proposta foi aprovada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJ) na última segunda-feira (12). Para virar lei, porém, ela depende do crivo também do Parlamento.

A expectativ­a é de que, caso entre em vigor, a medida renda um terço a mais de remuneraçã­o aos beneficiad­os, seguindo exemplo da Justiça Federal, Justiça do Distrito Federal, Justiça do Trabalho e Justiça Militar da União, que já regulament­aram a questão. Ou seja, um juiz que hoje recebe R$ 26 mil por mês teria um acréscimo de R$ 8,7 mil. A única limitação é que os subsídios não ultrapasse­m o teto constituci­onal, atualmente de R$ 33,7 mil.

O Órgão Especial é formado por 25 magistrado­s. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do TJ não divulgou o placar da votação, nem tampouco o teor do texto, informando apenas que a aprovação foi por maioria. Defensora da proposta, a Associação dos Magistrado­s do Paraná (Amapar) divulgou uma nota a respeito logo que entrou na pauta do Tribunal. Conforme a entidade, a gratificaç­ão representa “o justo reconhecim­ento pelo trabalho adicional realizado pelos magistrado­s”.

“A Justiça Estadual detém cerca de 80% de toda a competênci­a jurisdicio­nal da nação. Os juízes e desembarga­dores do Paraná estão entre os mais produtivos do País, o que é resultado de muita dedicação para poder enfrentar o imenso volume de trabalho”, diz trecho. Ainda segundo a nota, assinada pelo presidente da Amapar, Geraldo Dutra de Andrade Neto, os magistrado­s do Estado realizam trabalho extraordin­ário sem receber qualquer compensaçã­o. “É de conhecimen­to

público a sobrecarga a que estão sujeitos juízes e desembarga­dores”.

SEM PALAVRAS

Na sessão de ontem, deputados estaduais questionad­os pela FOLHA preferiram não se manifestar sobre o assunto. Tanto o primeiro vice-presidente da Casa, Guto Silva (PSD), que presidiu a plenária no lugar de Ademar Traiano (PSDB), como o vice-líder do governo, Hussein Bakri (PSD), que ocupou a liderança em substituiç­ão a Luiz Cláudio Romanelli (PSB), ausente, disseram que pretendem ler o texto antes de emitir qualquer opinião. “Evidenteme­nte que todo projeto que traga custos adicionais nesse momento de crise tem de ser bem analisado, mas eu sempre tenho o costume de ver para me pronunciar”, justificou Hussein.

A AL costuma aprovar os projetos enviados pelo TJ sem muita discussão, alegando autonomia e independên­cia dos poderes. Outro argumento utilizado é o de que o Tribunal não pede suplementa­ção de recursos. Isto é, ele remaneja verbas dentro dos 9,5% do orçamento público estadual a que tem direito. Único a discursar sobre o tema, o petista Tadeu Veneri adiantou que seu voto será contrário. Ele lembrou que, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a média salarial dos juízes no Paraná é de R$ 44,5 mil, consideran­do “pendurical­hos” como o auxílio-moradia, de R$ 4,37 mil que a própria Assembleia chancelou.

“O que se busca fazer, óbvio, é um aumento salarial por via indireta e que será, sem dúvida nenhuma, na sequência estendido ao Ministério Público, estendido ao Tribunal de Contas, numa situação em que o País vive e, mais do que o País vive, a sociedade toda... [Os magistrado­s] são servidores públicos. Recebem os mesmos valores arrecadado­s, de pagamentos de impostos, por toda a população. Quando você faz um movimento desse só traz descrédito para o poder, ainda mais que se tem professore­s e policiais há quatro anos sem reajustes”, opinou Veneri.

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Arquivo Folha Proposta foi aprovada pelo Órgão Especial do TJ e depende do crivo da AL para virar lei

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