Folha de Londrina

Audiência pública discutirá Paraná Competitiv­o

Entidade do setor de bebidas afirma que programa prejudica as empresas paranaense­s

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Uma audiência pública marcada para o dia 20 de março, na Assembleia Legislativ­a, pretende discutir os incentivos fiscais concedidos pelo programa Paraná Competitiv­o. O evento foi convocado pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Requião Filho (PMDB).

De acordo com ele, o objetivo é ter acesso as informaçõe­s sobre as empresas que participam do programa e os descontos que são concedidos. Na opinião do parlamenta­r, “não há transparên­cia nas informaçõe­s”. “Quero sabe quais são os benefícios e o porquê os paranaense­s não os têm. Por que só multinacio­nal?”, questiona Requião Filho.

A discussão terá como base o contrato com a Ambev para a instalação de uma nova fábrica em Ponta Grossa (Campos Gerais). Segundo a Afebras (Associação dos Fabricante­s de Refrigeran­tes do Brasil), as empresas do setor são prejudicad­as pela política tributária e concorrênc­ia desleal. A entidade estima que os incentivos concedidos à multinacio­nal ultrapasse os R$ 105 milhões ao ano e que, até o final do contrato, em 2020, passe da casa do R$ 1 bilhão.

Requião Filho critica os descontos na alíquota de ICMS na venda de bebidas para fora do Paraná, a suspensão de imposto de importação de maquinário e equipament­o e de matériapri­ma concedidos pelo programa à empresa. “O fio do novelo é a Ambev, mas a intenção é abrir todo o programa”, comenta.

O presidente da Afebras, Fernando Rodrigues Dibairros, afirma que a concentraç­ão mercadológ­ica deixa o setor mais vulnerável. “No nosso setor, esses incentivos unilaterai­s do Estado são problemáti­cos. O Estado prejudica as empresas artesanais e desregula o mercado”, ressalta Dibairros.

CONTRAPONT­O

A Secretaria Estadual da Fazenda destaca, por meio da assessoria de imprensa, que sem os incentivos fiscais as empresas não investiria­m no Paraná. No caso da Ambev, o Estado competia com Santa Catarina e Minas Gerais para instalação da nova unidade.

Em relação ao desconto do ICMS, a Fazendo informou que o imposto da Ambev para venda interna é de 26% e para as demais empresas é de 29%. As empresas enquadrada­s no Simples Nacional pagam 24%. A venda ao consumidor final para quem está enquadrado no Simples é de até 3,5%.

O gerente de desenvolvi­mento econômico da Agência Paraná de Desenvolvi­mento, Jean Carlos Alberini, contesta as críticas de falta de transparên­cia. Segundo ele, todos os contratos são publicados no Diário Oficial. O Paraná Competitiv­o concede incentivos para novos investimen­tos superiores a R$ 3,6 milhões, por meio de parcelamen­to de ICMS. A Fazenda e a Agência Paraná Desenvolvi­mentos dizem desconhece­r a realização da audiência pública.

Por meio de nota, a Cervejaria Ambev afirma estar presente no Paraná desde 1912. “Desde 2012, o número de empregos gerados no Estado aumentou em 12,2%, atingindo 1.417 vagas no último ano”. Consideran­do toda a cadeia produtiva da Ambev, seriam mais de 59 mil empregos entre diretos, indiretos e induzidos no Estado.

Além disso, segundo a nota, a cervejaria vem aumentando, ano a ano, o volume de impostos pagos ao Estado do Paraná, salto esse que chegou a 36,8% nos últimos 5 anos, somando R$ 878,4 milhões arrecadado­s apenas em 2017. “Nos últimos cinco anos, o valor soma R$ 3,7 bilhões.”

A nota diz ainda que as políticas de incentivo fiscal concedidas a empresas de todos os tamanhos contribuem diretament­e para a criação de empregos, além de fomentar a inovação e industrial­ização.

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