Folha de Londrina

Apesar da safra menor, renda do campo deve bater recorde

Estimativa é de um volume 4,9% menor em relação ao ciclo anterior

- Camila Turtelli, Eduardo Laguna, Nayara Figueiredo, Clarice Couto Leticia Pakulski Agência Estado

Asafra brasileira de grãos caminha para bater um novo recorde este ano: não de volume, como em 2017, mas de faturament­o. A atual safra, ainda em andamento, deve ser a segunda maior da história, com 226,04 milhões de toneladas. Isso representa uma queda de 4,9% em relação ao ciclo anterior. Mas a expectativ­a é que a receita com grãos cresça quase 5% em 2018.

Três fatores principais ajudam a explicar esse faturament­o maior: a forte demanda da China por produtos agropecuár­ios, um câmbio que favorece as exportaçõe­s, e uma Argentina com problemas climáticos. O país vizinho enfrenta uma severa estiagem que vai reduzir a colheita de soja e milho neste ano. Esse cenário vai levar a uma alta dos preços globais de commoditie­s agrícolas.

“A queda na safra da Argentina é a principal variável a puxar para cima os preços de soja e milho”, diz o sócio e consultor da MB Agro Alexandre Mendonça de Barros. A consultori­a projeta para os principais grãos - soja, milho, trigo, algodão, feijão e arroz - um faturament­o de R$ 177 bilhões para este ano, ante R$ 169 bilhões em 2017.

O montante pode ser maior caso a China reduza as compras de soja norte-americana em retaliação à sobretaxa que o presidente Donald Trump impôs às importaçõe­s de aço e alumínio. Isso pode levar o Brasil a ampliar os embarques da oleaginosa para o país asiático - já que os três grandes fornecedor­es mundiais são EUA, Brasil e Argentina.

Mesmo sem o fator “retaliação”, a expectativ­a é de que a receita com a oleaginosa avance mais que a dos outros grãos. O assessor técnico da CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil), Alan Malinski, diz que a receita deve ser maior, principalm­ente para os agricultor­es que optaram por comerciali­zar o produto após a colheita, já que as cotações da oleaginosa estão subindo. Segundo dados da consultori­a INTL FCStone, até o início de mar- ço, cerca de 40% da safra de soja havia sido comerciali­zada antecipada­mente, restando, assim, 60% para serem negociados sob as cotações atuais, que estão mais altas.

Principal produto na pauta da exportação brasileira, a soja tem a produção estimada em 113 milhões de toneladas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto) queda de 1% em relação à última safra. A cotação, no entanto, está em alta. Na semana passada, a saca estava cotada a R$ 74,35, segundo o Cepea/ Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq) - um aumento real de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. previsão é de que o preço médio da soja suba 6,1% na comparação com o ano passado e o do milho, 19%.

O indicador do Ministério da Agricultur­a que mostra a receita gerada pela produção de 26 itens agropecuár­ios ainda é inferior ao do ano passado. Mas o coordenado­r-geral de Estudos e Análises da Secretaria de Política Agrícola do Ministério, José Garcia Gasques, afirma que a tendência é que a receita, medida pelo VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuár­ia), avance, já que as estimativa­s apontam cresciment­os consecutiv­os. Até o momento, consideran­do apenas os grãos, o VBP é previsto em R$ 203 bilhões para 2018, ante R$ 210 bilhões no ano passado. “A tendência é de pelo menos empatar com a do ano passado.”

ALENTO A consultori­a Tendências já revisou os preços para cima. A

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Gustavo Carneiro/14-02-2018 Apesar da quebra, safra deve ser a segunda maior da história
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