Guerra civil devasta Síria
Em sete anos, guerra civil deixou um país em ruínas, mais de 350 mil mortos e uma tragédia humana colossal
Mais de 350 mil mortos, ao menos a metade da população deslocada e um país em ruínas. Iniciada em 15 de março de 2011, com protestos pacíficos reprimidos com violência, a revolta na Síria contra o regime de Bashar al-Assad tornou-se uma guerra devastadora e complexa. “Esses sete anos de guerra deixam para trás uma tragédia humana de dimensões colossais”, lamentou o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que dispõe de uma extensa rede de informantes em todo o país, diz que “353.935 pessoas morreram desde 15 de março de 2011”, incluindo 106.390 civis. Entre estes estão “19.811 crianças e 12.513 mulheres”, de acordo com um relatório divulgado na segundafeira (12).
A Síria tinha cerca de 23 milhões de habitantes antes do conflito, e cerca de metade da população foi forçada a fugir de suas casas por causa dos combates. A ONG francesa Handicap International, preocupada particularmente com os estragos das armas explosivas, informou em 2017 um milhão de feridos.
De acordo com especialistas, o conflito fez a economia síria regredir três décadas, uma vez que grande parte das infraestruturas foi destruída.
Segundo autoridades sírias, a produção de petróleo foi reduzida a nada. Se a energia é o setor mais afetado, todas as áreas foram atingidas pelo conflito.
Em julho de 2017, o Banco Mundial estimou o custo das perdas relacionadas à guerra em US$ 226 bilhões (183 bilhões de euros), o equivalente a quatro vezes o produto interno bruto (PIB) de antes do conflito.
“A guerra na Síria está destruindo o tecido social e econômico do país”, declarou seu vice-presidente para o Oriente Médio e Norte da África, Hafez Ghanem. O conflito danificou ou destruiu 27% das habitações e cerca de metade dos centros médicos e educacionais, de acordo com o Banco Mundial.
Segundo o Departamento de Assuntos Humanitários da ONU, em relatório divulgado em janeiro deste ano, “mais de 13 milhões de pessoas precisam de ajuda e proteção, (...) enquanto 69% da população vive em extrema pobreza”.
O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) indicou que 2,98 milhões de pessoas estão em áreas de difícil acesso e em cidades sitiadas. Em outubro, a ONU condenou a “privação de alimento deliberada de civis” como uma tática de guerra, após a publicação de imagens “chocantes” de crianças esqueléticas no enclave rebelde de Ghuta Oriental, perto de Damasco. maior número de sírios registrados pelo Acnur, mais de 3,3 milhões.
No Líbano, a vida é uma luta diária para quase um milhão de refugiados sírios que vivem sem recursos financeiros. A Jordânia vem a seguir - 657 mil registrados no Acnur, 1,3 milhão de acordo com as autoridades; Iraque (mais de 246 mil) e Egito (126 mil sírios).
Centenas de milhares de sírios também foram para a Europa, principalmente para a Alemanha. ou pelas terríveis condições de detenção nas prisões do regime de Assad. Meio milhão de pessoas estiveram nas prisões do regime desde o início da guerra, de acordo com o Observatório. Além disso, “vários milhares” morreram nas prisões de grupos rebeldes e jihadistas.
Em 2017, a Anistia Internacional acusou o regime sírio de ter enforcado cerca de 13 mil pessoas entre 2011 e 2015 na prisão de Saydnaya, perto de Damasco, denunciando uma “política de extermínio”.
Esses enforcamentos se somam às 17.700 pessoas mortas nas prisões do regime que a organização já havia contabilizado.
FUGA EM MASSA Desde o início do conflito, mais de 5,4 milhões de sírios fugiram para o exterior, a maioria buscando refúgio em países vizinhos, de acordo com o Acnur.
A Turquia hospeda ENFORCAMENTOS Segundo o OSDH (Observatório Sírio para Direitos Humanos), pelo menos 60 mil pessoas morreram sob tortura