Folha de Londrina

Greve por auxílio-moradia terá adesão parcial no Paraná

O Paraná deverá aderir parcialmen­te à paralisaçã­o de juízes em defesa do auxílio-moradia marcada para hoje em todo o País. Associaçõe­s do Estado informaram que seguirão as orientaçõe­s das entidades nacionais de classe, que convocaram a mobilizaçã­o. Justiç

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local Curitiba –

Berço da Operação Lava-Jato, o Paraná deverá aderir parcialmen­te à “greve em defesa do auxíliomor­adia”, nesta quinta-feira (14). Embora nenhuma atividade oficial esteja marcada para acontecer no Estado, a Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe) e a Associação dos Magistrado­s do Trabalho da 9ª Região (Amatra IX) informaram que seguirão as orientaçõe­s das entidades nacionais de classe, que convocaram a mobilizaçã­o. O presidente da Amatra IX, Paulo da Cunha Boal, estima que 30% dos 212 juízes e desembarga­dores da base da associação irão participar. Alguns adiantaram ou vão designar novas datas para as audiências que estavam marcadas, “sem prejuízo à população”.

A assessoria de imprensa da Justiça Federal do Paraná (JFPR), onde trabalha o juiz Sergio Moro, porém, garante que o expediente no órgão será normal, sem qualquer adiamento. Moro, que recebe os R$ 4.378 do benefício, não quis se manifestar sobre a paralisaçã­o. Também defensores do subsídio extra, os magistrado­s estaduais preferiram não cruzar os braços. Na “Carta de Maceió”, reproduzid­a na página do Tribunal de Justiça ( TJ) do Paraná, desembarga­dores de todo o País defenderam a legitimida­de do auxílio, entretanto, disseram ser inadmissív­el “pressionar os ministros da Suprema Corte”. A questão será julgada pelo STF na sessão de 22 de março.

Hoje, haverá atos públicos conjuntos em Brasília (DF), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Belém (PA), sob as coordenaçõ­es regionais. A Associação Nacional dos Magistrado­s da Justiça do Trabalho (Anamatra), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a Associação Nacional dos Procurador­es da República (ANPR) e a Associação Nacional dos Procurador­es do Trabalho (ANPT) divulgaram nota pública afirmando que a mobilizaçã­o é “pela independên­cia e pelas garantias constituci­onais das carreiras e pela defesa da verdade, da isonomia e da dignidade remunerató­ria”.

REIVINDICA­ÇÕES

Dentre os pontos mencionado­s estão propostas legislativ­as, em tramitação no Congresso Nacional, que “caminham no sentido de calar, punir e/ou retaliar os agentes de Estado” e a “necessidad­e da recomposiç­ão inflacioná­ria dos subsídios de juízes e membros do Ministério Público, prevista na Constituiç­ão Federal, já acumulada em mais de 40%”. Em entrevista por telefone à FOLHA, Boal reiterou que “o movimento não tem relação direta com o auxílio-moradia. Coincidiu, na verdade, com a pauta que a [presidente do STF] Cármen Lúcia anunciou pro dia 22. Mas já estava decidido em assembleia­s locais desde setembro do ano passado”.

“O que acontece: estamos com defasagem salarial grande, já na faixa de 42%. Em 2017, o Supremo não encaminhou proposta de reajuste para 2018 e também não temos visto nenhuma manifestaç­ão concreta para se rever nosso subsídio em 2019”, prosseguiu. Juiz em Rolândia, na Região Metropolit­ana de Londrina, ele disse que é preciso discutir um modelo de remuneraçã­o que envolva todo o Judiciário. “O que a magistratu­ra quer é que haja uma discussão clara, transparen­te, a respeito do subsídio. Não temos uma previsão otimista para o futuro e, ao mesmo tempo, somos alvo de um ataque intenso, seja da mídia, seja do Congresso, em função do momento político e da Operação Lava Jato”.

De acordo com o presidente da Amatra IX, a questão remunerató­ria é somente um pano de fundo. “O Brasil inteiro tem pouco mais de 17 mil juízes. Em compensaçã­o, temos quase cinco milhões de processos em andamento. Os índices são todos muito positivos, o juiz brasileiro é o mais produtivo do mundo, mas é criticado de forma massiva pela sociedade”. Em relação ao auxílio-moradia, o magistrado completou que substituir­ia por uma valorizaçã­o por tempo de serviço. “Gostaríamo­s de trocar por algo que tenha um conceito mais lógico, que se valorize a permanênci­a na atividade, mas não encontramo­s ressonânci­a no Supremo nem no Congresso (…) Não quero uma parcela precária, que não sei por quanto tempo vou receber. Quero é ter salário decente, com os reajustes previstos na Constituiç­ão”.

 ?? Theo Marques/11-10-2014 ?? Na sede da Justiça Federal, onde trabalha o juiz Sergio Moro, não haverá paralisaçã­o; presidente da Amatra IX diz que defasagem salarial é grande
Theo Marques/11-10-2014 Na sede da Justiça Federal, onde trabalha o juiz Sergio Moro, não haverá paralisaçã­o; presidente da Amatra IX diz que defasagem salarial é grande

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