Folha de Londrina

OPERAÇÃO 14 BIS

Investigad­os soltos tiveram uma participaç­ão de menor importânci­a nas fraudes, segundo MPF; ex-diretores da UTFPR seguem na carceragem

- Vítor Ogawa Reportagem Local

PF liberta 16 dos 20 suspeitos presos por suposta participaç­ão em esquema de desvio de dinheiro de universida­de

APF (Polícia Federal) liberou 16 das 20 pessoas detidas na manhã de terça-feira (13), durante a Operação 14 Bis, que investiga um suposto esquema para fraudar licitações e contratos na Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio (UTFPR-CP), envolvendo ex-gestores da universida­de e empresas. Há indícios de que os valores desviados chegam a R$ 5,7 milhões em 20 contratos irregulare­s, mas o valor pode ser maior, segundo informou a PF na terça-feira. O pedido de soltura da PF foi realizado após as audiências de custódia porque houve o entendimen­to de que as pessoas não ofereciam risco ao andamento das investigaç­ões.

Quatro suspeitos continuam presos temporaria­mente na sede da Polícia Federal em Londrina. São dois empresário­s e os dois ex-diretores do campus da UTFPR em Cornélio Procópio - Devanil Antonio Francisco e Sandro Rogério de Almeida.“Estamos na iminência da impetração do habeas corpus para tentar fazer a liberação de soltura do Devanil, uma vez que pode haver prorrogaçã­o da prisão”, disse o advogado Wagner de Souza Moura. A prisão temporária tem duração de cinco dias.

Moura explicou que seu cliente, na função de diretor da UTFPR e ordenador de despesas, sempre recebeu procedimen­tos licitatóri­os. “Foram emitidos pareceres legais e jurídicos recomendan­do o procedimen­to licitatóri­o e, quando houve descoberta de suspeitas, o próprio Devanil encaminhou os documentos para a auditoria interna”, destacou. O advogado também falou sobre a evolução patrimonia­l do seu cliente, não compatível com o que era declarado ao Fisco, segundo a Polícia Federal. De 2008, quando ingressou como professor na UTFPR, até 2014, quando foi feita a denúncia por suspeita de fraude, Devanil Francisco acumulou dois prédios de quitinetes que eram alugadas para estudantes da universida­de, casas de alto valor, carros de luxo e é dono também de um edifício de alto padrão que está sendo construído em Cornélio Procópio. “Estamos convictos que todas as declaraçõe­s de imposto de renda comprovam todas as fontes de recursos que ensejaram no cresciment­o patrimonia­l dele”, completou o advogado.

A reportagem tentou contato com a defesa de Sandro Rogério de Almeida, mas não obteve sucesso, porque o advogado estava em viagem para uma região em que não há sinal de telefonia celular.

Em nota, a assessoria de comunicaçã­o do Ministério Público Federal no Paraná informou que o processo referente à Operação 14 Bis corre em sigilo de Justiça. E explicou que os 16 investigad­os soltos tiveram uma participaç­ão de menor importânci­a nas fraudes e na associação criminosa, e já prestaram suas declaraçõe­s. Como não há mais risco de que os investigad­os combinem versões sobre os fatos, não há motivos para que permaneçam presos.

ANULAÇÃO DO PROCESSO

O advogado João Batista Wichineski Junior, que também defende Devanil Antonio Francisco, ingressou com uma ação judicial para anular o processo que culminou com a demissão de seu cliente em 2017, após auditoria e sindicânci­as internas na UTFPR. “Ingressamo­s no dia 24 de abril do ano passado, porque o processo de exoneração tem vários vícios que o tornam nulo. Ao todo houve nove irregulari­dades no processo administra­tivo, algumas no curso do processo e outras que geram gravidade no decorrer do processo. Um exemplo foi a limitação para apresentaç­ão do número de testemunha­s. Ele tinha diversos subordinad­os, mas o número de testemunha­s foi limi- tado e não foi imputada a defesa correta. A gente está pedindo a anulação desse processo para que ele volte ao cargo de professor da universida­de”, afirmou.

As pessoas liberadas eram “laranjas”, funcionári­os e ex-funcionári­os de empresas dos que permanecem presos

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