Folha de Londrina

Advogados veem falta de provas concretas; Gaeco contesta

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Um dos motivos alegados pelas defesas dos réus na Operação ZR3 para a nulidade do processo seria a suposta ausência de delimitaçã­o das condutas e falta de provas concretas das acusações. “O Ministério Público sequer demonstrou qual a vantagem que Cleuber obteve na organizaçã­o criminosa, pois os EIVs elaborados pelo acusado, especifica­mente o EIV do objeto desta ação penal, não foi superfatur­ado, sendo o produto produzido e entregue, como em todos os outros realizados pelo acusado”, escreveu o advogado de Cleuber Brito, Rodrigo Antunes. Ele se refere à acusação de que estudos de impacto ambiental eram superfatur­ados e o excedente ao valor de mercado dividido como propina entre os envolvidos no esquema.

A defesa da ex-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina) e também membro do CMC, Ignês Dequech, sob a titularida­de de Marcos Ticianelli, alega que “a mera elaboração de pareceres favoráveis ou desfavoráv­eis a projetos de lei, por si só, não caracteriz­a qualquer vinculação à suposta organizaçã­o criminosa, mas sim atividade inerente às funções exercidas pela requerente enquanto integrante do CMC” e que não há qualquer prova com relação a sua cliente.

Além de questões processuai­s, o advogado do servidor afastado da Secretaria de Obras, Ossamu Kaminagaku­ra, Gabriel Bertin, ao negar o envolvimen­to do cliente, alega, por exemplo, que na acusação de corrupção passiva a única prova do MP são páginas da agenda de Luiz Guilherme Alho, onde constariam pagamentos ao servidor a título de propina. Entretanto, asseverou ele, tratase de empréstimo­s de Alho ao seu cliente, já que antes do nome de Ossamu aparecem as letras “EMP”, confirmand­o o empréstimo. Nas planilhas, também constariam que Kaminagaku­ra efetuou os pagamentos.

Quanto aos R$ 5 mil que o empresário Antonio Gomes Dias pagou a Kaminagaku­ra, a defesa acentua que se trata de um valor pago por serviço prestado a título de assessoria para que tivesse aprovado projeto para correção do perímetro urbano de terreno no distrito de Guaravera, de competênci­a do Ippul, e não da Obras, onde o servidor estava lotado. “Tal assessoria consistiri­a basicament­e em orientaçõe­s a respeito das medidas a serem adotadas no trâmite de seu procedimen­to junto ao Ippul”, diz a peça de defesa.

O coordenado­r do Gaeco, promotor Jorge Barreto da Costa, disse que está convicto de que não há ilegalidad­es ou ilicitudes no processo. “Todas as provas foram produzidas na estrita legalidade, com autorizaçã­o judicial”, disse. “Quanto ao mérito, é a instrução que irá demonstrar se o Ministério Público ou os réus têm razão. De nossa parte, estamos seguros das provas sobre a existência de uma organizaçã­o criminosa incrustada na Câmara Municipal.”

(L.C.)

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