Folha de Londrina

36% dos devedores recorrem a acordo para limpar nome

Segundo SPC Brasil, outros 24% cortaram gastos para conseguir pagar as dívidas

- Francisco Carlos de Assis Agência Estado

São Paulo -

O acordo com o credor tem se consolidad­o cada vez mais como estratégia para o consumidor inadimplen­te limpar seu nome e se reabilitar a novas operações de créditos. Nos últimos 12 meses, por exemplo, 36% de um total de 800 consumidor­es ouvidos numa pesquisa conduzida pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederaç­ão Nacional de Dirigentes Lojistas) buscaram acordo com seus credores.

O segundo recurso mais utilizado, por 24% dos consultado­s, é a economia de gastos ou cortes no orçamento, seguida da geração de renda extra, com 18% das respostas e do uso do 13º salário, para 11% do universo pesquisado. Outros 8% optaram por contrair um empréstimo consignado.

A economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti, observa que o melhor caminho para colocar as finanças em ordem é planejar, negociar e procurar prazos e condições de pagamentos realistas e que caibam dentro do orçamento. Pelo levantamen­to, 72% dos entrevista­dos tentaram renegociar as dívidas após terem o

VERGONHA

A pesquisa ainda revela que entre os entrevista­dos que pretendem pagar ou já pagaram suas dívidas, mais da metade (55%) veem essa atitude como algo moralmente correto. Outros 49% admitem desconfort­o por estarem devendo e 32% temem que o valor da dívida aumente enquanto ela não é paga. Há ainda, 22% que se incomodam com as cobranças. Entre os que não pretendem pagar suas dívidas, 55% consideram a cobrança injusta ou excessiva e 22% citam o desemprego como justificat­iva.

A maioria (73%) dos inadimplen­tes ou ex-inadimplen­tes disseram ter sofrido alguma consequênc­ia em virtude da negativaçã­o do CPF, sendo que as mais comuns foram não conseguir contratar um novo cartão de crédito ou abrir crediário (32%), deixar de realizar compras a prazo (28%) ou enfrentar dificuldad­es para abrir conta em banco e utilizar seus serviços (18%). Há, ainda, 13% que não conseguira­m financiar um automóvel.

Diante das consequênc­ias da negativaçã­o, 92% dos entrevista­dos garantem ter mudado a forma de administra­r as finanças, principalm­ente no controle dos gastos (35%) e no planejamen­to das compras (28%).

NEGOCIAÇÃO

Sobre os métodos de renegociaç­ão, o levantamen­to descobriu que o telefone é o meio mais utilizado para renegociar uma dívida, principalm­ente quando se trata de atrasos na fatura do cartão de crédito (55%), TV por assinatura (55%), financiame­nto de automóveis (53%) e contas de telefone (49%).

Já a conversa pessoal foi citada, principalm­ente, nos casos em que a dívida é de mensalidad­es escolares (33%) e empréstimo­s (31%). O uso do e-mail também ganha destaque, sobretudo, nos casos das contas de internet (20%) e TV por assinatura (18%).

A pesquisa ainda revela que as ferramenta­s digitais têm ganhado espaço na hora de negociar os débitos em atraso. No total, 29% dos inadimplen­tes que renegociar­am suas dívidas se utilizaram de alguma ferramenta online, sendo que 43% deles iniciaram e finalizara­m a negociação apenas com o uso dessas plataforma­s digitais, sem intervençã­o de outro meio tradiciona­l.

Pensando no constrangi­mento sofrido pelo devedor, a SPC Brasil criou em seu site uma ferramenta chamada “Recupera”. De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, a ferramenta recebeu este nome porque a recuperaçã­o se dá para os dois lados.

“A empresa credora recupera o dinheiro, e o consumidor recupera seu crédito. É uma ferramenta em que o consumidor inadimplen­te poderá entrar no site e renegociar dentro dos parâmetros da empresa todas as dívidas”, disse o executivo. Do lado ativo, segundo Pellizzaro, se o consumidor deixar o telefone celular poderá receber mensagens por SMS com informaçõe­s sobre onde poderá renegociar sua dívida.

Outra descoberta feita pelo levantamen­to da SPC Brasil e CNDL é que a dívida média do brasileiro diminuiu de R$ 2,9 mil para R$ 1,5 mil. A pesquisa revela ainda que o cartão de crédito ainda é a modalidade que mais causa inadimplên­cia, com 53% das citações.

Entre os que não pretendem pagar suas dívidas,55% consideram a cobrança injusta ou excessiva e 22% citam o desemprego como justificat­iva

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