36% dos devedores recorrem a acordo para limpar nome
Segundo SPC Brasil, outros 24% cortaram gastos para conseguir pagar as dívidas
São Paulo -
O acordo com o credor tem se consolidado cada vez mais como estratégia para o consumidor inadimplente limpar seu nome e se reabilitar a novas operações de créditos. Nos últimos 12 meses, por exemplo, 36% de um total de 800 consumidores ouvidos numa pesquisa conduzida pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) buscaram acordo com seus credores.
O segundo recurso mais utilizado, por 24% dos consultados, é a economia de gastos ou cortes no orçamento, seguida da geração de renda extra, com 18% das respostas e do uso do 13º salário, para 11% do universo pesquisado. Outros 8% optaram por contrair um empréstimo consignado.
A economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti, observa que o melhor caminho para colocar as finanças em ordem é planejar, negociar e procurar prazos e condições de pagamentos realistas e que caibam dentro do orçamento. Pelo levantamento, 72% dos entrevistados tentaram renegociar as dívidas após terem o
VERGONHA
A pesquisa ainda revela que entre os entrevistados que pretendem pagar ou já pagaram suas dívidas, mais da metade (55%) veem essa atitude como algo moralmente correto. Outros 49% admitem desconforto por estarem devendo e 32% temem que o valor da dívida aumente enquanto ela não é paga. Há ainda, 22% que se incomodam com as cobranças. Entre os que não pretendem pagar suas dívidas, 55% consideram a cobrança injusta ou excessiva e 22% citam o desemprego como justificativa.
A maioria (73%) dos inadimplentes ou ex-inadimplentes disseram ter sofrido alguma consequência em virtude da negativação do CPF, sendo que as mais comuns foram não conseguir contratar um novo cartão de crédito ou abrir crediário (32%), deixar de realizar compras a prazo (28%) ou enfrentar dificuldades para abrir conta em banco e utilizar seus serviços (18%). Há, ainda, 13% que não conseguiram financiar um automóvel.
Diante das consequências da negativação, 92% dos entrevistados garantem ter mudado a forma de administrar as finanças, principalmente no controle dos gastos (35%) e no planejamento das compras (28%).
NEGOCIAÇÃO
Sobre os métodos de renegociação, o levantamento descobriu que o telefone é o meio mais utilizado para renegociar uma dívida, principalmente quando se trata de atrasos na fatura do cartão de crédito (55%), TV por assinatura (55%), financiamento de automóveis (53%) e contas de telefone (49%).
Já a conversa pessoal foi citada, principalmente, nos casos em que a dívida é de mensalidades escolares (33%) e empréstimos (31%). O uso do e-mail também ganha destaque, sobretudo, nos casos das contas de internet (20%) e TV por assinatura (18%).
A pesquisa ainda revela que as ferramentas digitais têm ganhado espaço na hora de negociar os débitos em atraso. No total, 29% dos inadimplentes que renegociaram suas dívidas se utilizaram de alguma ferramenta online, sendo que 43% deles iniciaram e finalizaram a negociação apenas com o uso dessas plataformas digitais, sem intervenção de outro meio tradicional.
Pensando no constrangimento sofrido pelo devedor, a SPC Brasil criou em seu site uma ferramenta chamada “Recupera”. De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, a ferramenta recebeu este nome porque a recuperação se dá para os dois lados.
“A empresa credora recupera o dinheiro, e o consumidor recupera seu crédito. É uma ferramenta em que o consumidor inadimplente poderá entrar no site e renegociar dentro dos parâmetros da empresa todas as dívidas”, disse o executivo. Do lado ativo, segundo Pellizzaro, se o consumidor deixar o telefone celular poderá receber mensagens por SMS com informações sobre onde poderá renegociar sua dívida.
Outra descoberta feita pelo levantamento da SPC Brasil e CNDL é que a dívida média do brasileiro diminuiu de R$ 2,9 mil para R$ 1,5 mil. A pesquisa revela ainda que o cartão de crédito ainda é a modalidade que mais causa inadimplência, com 53% das citações.
Entre os que não pretendem pagar suas dívidas,55% consideram a cobrança injusta ou excessiva e 22% citam o desemprego como justificativa