Esses russos...
Mas o importante nesta história é que a tal Rybka estaria disposta, como bom pardal, a abrir o bico sobre as falcatruas que ligam o presidente Donald Trump à Rússia. Nas mensagens, ela implora aos jornalistas que a ajudem. Em troca de um possível asilo, ela se diz “pronta para entregar todas as peças que faltam no quebracabeças, com vídeos e áudios sobre as conexões entre os russos, Trump, Manafort e os demais. Eu sei muita coisa, e se for levada de volta à Rússia vou morrer numa prisão ou eles vão me matar”.
Bem, sabe-se que a moça teve recentemente ligações muito íntimas com milionários russos ligados a Putin, o que de certa forma a desacredita, e que estaria em frenética campanha de auto-marketing. Pode ser. Mas o que não falta é argumento para “Red Sparrow” dois, três, quatro...
E tem o caso número dois, aliás dois e três, ocorridos respectivamente na última semana e nesta segunda-feira (12), com a marca registrada da mais tradicional e sórdida espionagem/contraespionagem. Em Londres, e as histórias não são novidade. Em outros tempos, não tão distantes, já se leu a respeito, já se viu no cinema. A CIA ainda conserva seu nome original, mas a KGB, extinta (?) em 1991 e reativada (?) em 95, ganhou sucessores, FSB e SVR, todos em modus hardware, vale dizer. Neste exato momento, a polícia britânica realiza ampla e minuciosa investigação para tentar solucionar o envenenamento do ex-agente duplo russo Serguei Skripal (66) e sua filha Yulia (33), que seguem em estado crítico. Os dois (e provavelmente outras pessoas) foram contaminados por um potente agente neurotóxico, o polônio, que pode ter sido misturado no chá de Skripal e filha.
O jornal “Daily Telegraph” divulgou que a primeira-ministra Theresa May, durona na linha Tatcher, poderia anunciar “sanções contra a Rússia a partir desta semana, enquanto o “Times” informou que Londres discute com aliados (EUA e países europeus) possíveis “represálias coordenadas, que incluiriam medidas diplomáticas, econômicas e militares”. Os olhares estão voltados para a Rússia, já que, para muitos, o envenenamento de Skripal lembra o de Alexander Litvinenko, ex-agente do serviço secreto russo assassinado em Londres em 2006, por ordem de Moscou, segundo um juiz britânico. O leão cutucando o urso.
E mais, por último mas não menos relevante para o caos geral. Um russo que vivia exilado foi encontrado morto na segunda-feira perto de Londres, sob circunstâncias inexplicadas, segundo informaram mídias russa e britânica. Nikolai Glushkov, 69, era ex-diretor da companhia aérea russa Aeroflot e tinha laços com o milionário Boris Berezovski, inimigo do Kremlin encontrado enforcado em 2013 no Reino Unido. Em plena escalada de tensão diplomática entre Londres e Moscou, o novo incidente poderá complicar a situação ainda mais. Segundo o jornal russo “Kommersant”, que cita uma filha de Glushkov, Natalia, o corpo tinha sinais de estrangulamento.
Só recordando, para quem já viu, claro: o personagem Vanya em “Red Sparrow” (tio de Dominika/J.Law) é interpretado pelo bom ator belga Matthias Schoenaerts. Não é culpa dele (e o casting não deixou de notar), mas suas feições e expressões faciais recordam, e muito, o godfather Vladimir Putin. Cinema e realidade ditam o fascínio.