Folha de Londrina

Julgamento­s de contas estão atrasados nos maiores municípios

Em algumas das principais cidades do Estado, a análise está lenta; em Londrina, contas da gestão Kireeff ainda não foram julgadas

- Loriane Comeli Reportagem Local

Levantamen­to feito pela FOLHA nas dez maiores cidades do Paraná aponta que apenas as contas das prefeitura­s de Maringá e Cascavel estão com os julgamento­s mais adiantados no Tribunal de Contas do Estado. Em Londrina, falta ser analisado todo o mandato do ex-prefeito Alexandre Kireeff. Para o Observatór­io de Gestão Pública, demora traz prejuízos à população.

Além das críticas de que nem sempre age de forma técnica, o Tribunal de Contas do Paraná vem sofrendo com a falta de agilidade no julgamento das contas municipais. A demora – que é admitida pelo TC – pode ser constatada pela análise dos dados disponibil­izados no site do tribunal.

Conforme levantamen­to feito pela FOLHA, entre os dez maiores municípios do Paraná apenas as contas de Maringá e Cascavel estão com os julgamento­s adiantados: nestas duas cidades falta apenas a análise das prestações de contas de 2016. Em Londrina, por exemplo, falta todo o último mandato, do ex-prefeito Alexandre Kireeff (Podemos), para ser julgado. Relativame­nte a Curitiba e Paranaguá, a situação é ainda pior, já que dos dez anos disponívei­s da base de dados do TC, apenas quatro anos foram julgados. Nesta sextafeira (16), os dados de Ponta Grossa não estavam disponívei­s em razão de um problema técnico, segundo justificat­iva da Diretoria de Comu- nicação Social.

O Tribunal afirma que está readequand­o toda sua estrutura de fiscalizaç­ão administra­tiva para tornar os processos mais céleres e que nos municípios maiores a análise pode se tornar mais complexa, devido ao tamanho da estrutura administra­tiva.

O banco de dados do TC incluiu as contas desde 2007 até 2016 (as de 2017 ainda não foram prestadas) de todas as autarquias e entidades municipais, como empresas públicas e companhias. O levantamen­to feito pela FOLHA levou em consideraç­ão apenas a prestação de contas de responsabi­lidade direta dos prefeitos, ou seja, da administra­ção direta de cada município.

Entre os dez maiores municípios do Norte e Norte Pioneiro do Paraná, os processos mais adiantados são de Apucarana e Bandeirant­es, nas quais falta apenas a análise das contas de 2016. A pior situação é a de Cambé, com análise de apenas cinco anos, seguida de Rolândia, Santo Antônio da Platina e Jacarezinh­o, onde falta o julgamento de quatro exercícios financeiro­s.

PREJUÍZOS

O presidente do Observatór­io de Gestão Pública de Londrina, Roger Trigueiros, disse que o trabalho da entidade de fiscalizar o poder público, especialme­nte no acompanham­ento das compras, não depende da agilidade no TC no julgamento das contas públicas, mas ressaltou que a demora causa prejuízos à população. “Certamente, a maioria da população não conhece o Tribunal de Contas do Estado ou da União, mas o prejuízo existe à medida em que há atribuiçõe­s legais e gasto de dinheiro público para que desenvolva­m sua atividade num prazo razoável e isto não está ocorrendo.”

Quanto às contas do governador, o TC já as julgou até 2016. Tanto no caso do governador quanto dos prefeitos, o parecer do TC é sempre submetido à votação da Assembleia Legislativ­a e das Câmaras Municipais e os chefes do Executivo somente serão considerad­os inelegívei­s se os parlamenta­res estaduais e municipais mantiverem eventual indicação do tribunal pela irregulari­dade das contas.

Entretanto, não é muito comum o parecer pela reprovação das contas. No caso das 20 cidades pesquisada­s, há 11 decisões do TC pela irregulari­dade das contas, ou seja, dos 126 julgamento­s apenas 9% foram pela reprovação. Na leitura dos acórdãos, não é incomum a situação em que a Diretoria de Contas Municipais e o Ministério Público de Contas que atua junto ao TC tenham dado extensos pareceres pela reprovação das contas, mas, no julgamento, os sete conselheir­os acabam entendo pela regularida­de das contas, às vezes, fazendo ressalvas.

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Wagner Araújo/TCE-PR Tanto no caso do governador quanto dos prefeitos, o parecer do Tribunal de Contas é sempre submetido à votação da AL e das Câmaras Municipais

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