Folha de Londrina

ENGORDANDO GANHOS

Indústria mundial de rações cresce 2,5% ao ano em volume com expansão do consumo de proteína animal e indica tendência ao protagonis­mo brasileiro

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Avanço no consumo de carne alavanca o mercado de nutrição animal. Indústria mundial de ração cresceu 2,5% ao ano desde 2013

Omercado de nutrição animal cresceu em média 2,49% nos últimos cinco anos, em um movimento diretament­e ligado ao aumento de consumo de carne por populações de nações emergentes e que terá o Brasil como protagonis­ta. Terceiro maior produtor do mundo e maior da América Latina, o País é o único dos grandes exportador­es de proteína com potencial para ampliar significat­ivamente a oferta de carnes no longo prazo, o que exigirá maior processame­nto de grãos em território nacional.

Para o agricultor, é uma oportunida­de de agregar valor aos grãos, para elevar a renda de produtos primários para consumo nacional, uma alternativ­a aos embarques ao exterior. As cooperativ­as paranaense­s passaram a prestar mais atenção a esse mercado, com investimen­tos em fábricas de rações e em novas plantas de abate de animais.

Engenheiro agrônomo e analista técnico da Ocepar (Organizaçã­o das Cooperativ­as do Estado do Paraná), Maiko Zanella afirma que o processame­nto resulta em mais receita ao fim do ano aos agricultor­es. “Muitas cooperativ­as trabalham com integração de aves, suínos e peixes e têm investido muito nos últimos anos”, conta. Ele lembra que o produtor rural que diversific­a as atividades pode entregar os grãos e receber a ração para as granjas.

Zanella cita ainda os recursos direcionad­os a novas plantas de abate de animais, como no caso da Frimesa, que tem em construção o maior frigorífic­o de suínos da América Latina, em Assis Chateaubri­and, com R$ 950 milhões de investimen­tos previstos. Outro exemplo é a C.Vale, que aposta ainda no recebiment­o de peixes, em Palotina, um dos segmentos que mais tem crescido no setor. “Assim, cria uma opção para não depender apenas de grãos. Eles implantara­m também uma fábrica de ração para peixes, com capacidade para 200 toneladas por dia, tudo com tecnologia suíça.”

Da mesma forma, a iniciativa privada busca arrebanhar o máximo possível de informaçõe­s para antever a chance de lucrar. A média de 2,49% de alta no setor vem da Pesquisa Global de Rações 2018 da Alltech, empresa de nutrição vegetal, animal e humana, com sede nos Estados Unidos e presente em 129 países. O grupo promove o estudo a cada ano, justamente para ter um diagnóstic­o sobre a agricultur­a de forma geral e ter subsídios para investimen­tos.

Conforme a pesquisa feita em 144 países com 31 mil empresas, a produção mundial de rações foi de 1,07 bilhão de toneladas (t) em 2017, alta de 2,57% sobre 2016. O Brasil contribui com 69,9 milhões de t, menos apenas do que China (186,9 milhões) e EUA (173,0 milhões). O volume nacional correspond­e ainda a 43% dos 160,7 milhões de t produzidos na América Latina.

O diretor comercial da Alltech do Brasil, Clodys Menacho, afirma que todo o continente registrou alta, mas o destaque mesmo foi a África. “O cresciment­o econômico é o principal fator. Quando a pessoa tem mais renda, ela consome proteínas, com o frango na base até chegar à bovina.”

No Brasil, o aumento foi de 2% entre 2016 e 2017, muito pela crise econômica, que prejudicou o consumo interno de carnes. De acordo com a estimativa do Sindiraçõe­s (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentaçã­o Animal), o segmento passou de 37,8 para 38,5 milhões de t entre 2016 e 2017, alta de 1,8%. O consumo dos suínos foi de 16,4 para 16,5 milhões de t, ou 1% a mais. Já o gado foi responsáve­l por uma alta de 4,4%, de 8,2 para 8,5 milhões.

Ainda que com volumes menores, os segmentos de pets e aquicultur­a contam com as altas mais representa­tivas nos últimos anos. Ainda que a variação tenha sido menor do que a de bovinos em 2017, na esteira da crise, a produção de alimentos para cães e gatos aumentou 3,2%, de 2,50 para 2,58 milhões de t de 2016 para 2017. Na aquicultur­a, o salto foi de 7,4%, de 930 para 990 mil t no mesmo comparativ­o.

Menacho ressalta a dinâmica de cresciment­o da aquicultur­a no País, ainda que veja potencial para todas os tipos de proteína animal. “O Brasil é o único do mundo que pode dobrar a produção sem precisar tocar na Amazônia, porque tem muito espaço. Coisa que China e EUA não têm.”

Quando a pessoa tem mais renda, ela consome proteínas, com o frango na base até chegar à bovina”

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Shuttersto­ck A produção de ração para a aquicultur­a é um dos segmentos que mais tem crescido no setor; entre 2016 e 2017 o salto foi de 7,4%, de 930 para 990 mil t

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