Presidente do PSOL vê falta de humanidade em ataques a Marielle
Juliano Medeiros lamenta comentários ofensivos em posts sobre a morte da vereadora e diz que partido está 100% focado na apuração do crime
Depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista que a acompanhava, Anderson Pedro Gomes, no centro do Rio de Janeiro, as redes sociais e as ruas foram tomadas por manifestações de pesar e solidariedade. As homenagens,porém, vieram acompanhadas de uma onda de ataques virtuais. Usuários “invadiram” a página do PSOL no Facebook, bem como as caixas de comentários de portais de notícias, para acusar Marielle e outros militantes da legenda de “defender bandidos”.
Na avaliação de tais pessoas, a vítima seria até mesmo culpada pela própria morte. Mulher periférica, negra, mãe solo e LBT (sigla usada para se referir a lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais), além de socióloga e mestra em Administração Pública, a parlamentar fez da defesa dos direitos humanos uma de suas principais bandeiras. Nos posts debochados, muitas pessoas alegaram que pedir a prisão de quem “passava a mão na cabeça de bandidos” seria uma contradição.
De acordo com o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, esse tipo de ataque virtual não é exatamente uma novidade para o partido e seus militantes. “Claro que num momento tão amargo e de tanta dor é difícil perceber que existam pessoas dispostas a tripudiar, causando mais sofrimento. A gente compreende a polarização, mas lamenta o ódio e a intolerância. Há uma falta de humanidade e solidariedade”, afirmou, em entrevista por telefone à FOLHA.
Ainda segundo ele, a legenda está avaliando que medidas podem ser tomadas para coibir a ação de robôs e a incidência de fake news (notícias falsas), tendo em vista também a proximidade das eleições. “Nem sempre são pessoas reais. Queremos ao menos diminuir um pouco o impacto desses ataques; definir alguma proteção, software ou serviço que amenize a capacidade dos robôs agirem”, contou.
Por outro lado, o partido descartou, ao menos por enquanto, entrar com ações na Justiça. “Estamos 100% concentrados em garantir que as apurações possam se dar o mais rápido possível e em fazer um debate nacional sobre políticas de segurança pública. Precisamos discutir a falência da repressão, da militarização e criticar a intervenção militar no Rio, que se mostrou um fracasso; demagógica, populista e que só está trazendo mais violência”, disse Medeiros.
‘‘A gente compreende a polarização, mas lamenta oódioea intolerância”
Leia mais sobre as investigações do assassinato de Marielle Franco na página 9.