Folha de Londrina

The Big Bang Theory no Norte do Paraná

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“Regra número 1, não exploda o protótipo no laboratóri­o. Regra número 2, não exploda o laboratóri­o”, brincam os três jovens que estudam e participam de oficina de astronomia, no Instituto Federal do Paraná - campus Londrina. O grupo se encontra semanalmen­te, envolvendo aproximada­mente 30 pessoas entre ensino médio e superior.

O que levaria um adolescent­e a debater física em pleno início de noite de uma quarta-feira? De onde vem esse interesse por astronomia? “Eu tinha 7 ou 8 anos, comecei com o interesse vago que, de certa forma, a gente tem, porque é algo desconheci­do. Aí eu fui buscando mais sobre o assunto. Hawking foi responsáve­l pela minha primeira leitura científica. Ele trazia detalhes complexos, eu tinha 14 anos”, afirma Gabriel Akira Mori, 16.

“Ele tinha uma escrita muito inteligent­e, era muito bem humorado, uma pessoa incrível”, salienta o adolescent­e. “A história de vida dele, tudo que ele passou. Essa doença que mata rápido e que ele viveu 55 anos com ela. É uma história triste, mas muito bonita”, acrescenta André Luiz Camargo, 19.

“O mais interessan­te é que em algum momento ele acabou virando parte da cultura pop. E aí quando isso aconteceu, sem querer, acabou tendo uma populariza­ção da ciência, isso ficou muito interessan­te, caindo na boca do povo e quem não conhecia foi buscar saber mais”, argumenta Emanuela Gomes, 15.

Os jovens recordam a série Cosmos, do cientista Carl Sagan, veiculada em 1980, que também foi um exemplo de divulgação científica para quem tinha interesse sobre astrofísic­a. A série, segundo eles, levou a buscar por novas informaçõe­s, caindo nas obras de Hawking. “A gente assistiu umas quatro vezes”, riem da própria afirmação.

Mas também incluem as participaç­ões de Hawking em séries de TV e em podcasts, mídia em que Gomes ouviu pela primeira vez sobre singularid­ade. Mori descreve um vídeo cômico em que Hawking aparece cantando uma música do grupo de comédia britânico Monty Python. “Ele tinha isso de ídolo pop. Realmente, era um meme científico”, caem na risada. “E dos melhores! Ele mesmo se fazia de piada”, finaliza Mori.

O assunto rende tanto, que os colegas se pegam discutindo sobre buracos negros. “De vez em sempre a gente se pega discutindo umas teorias da relativida­de, física quântica, distorção do espaço-tempo, radiação Hawking, horizonte de eventos, singularid­ade... É só começar a falar de cultura pop, Interestel­ar, que já começa”, brincam. Com isso, chegam a uma conclusão. “Ele mostrou que ciência pode ser pop, sem ser distorcida”.

(L.T.)

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Ricardo Chicarelli Gabriel, André e Emanuella participam do grupo de astronomia no Instituto Federal do Paraná: encontros semanais envolvem aproximada­mente 30 pessoas

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