Na Europa Central, filmes são ‘lidos’ sem nenhuma emoção
Além de Alemanha e Itália, citadas acima, França e Espanha consomem mais filmes dublados. Os motivos são diversos: baixa proficiência no inglês, proteção de mercado e costume. Em outros países, como os da Europa Oriental (Polônia, Rússia e Lituânia, por exemplo), a TV aberta exibe filmes com um “leitor”. É uma modalidade de dublagem chamada “voice-over”, diferente da “lyp sinc” (sincronização de lábios – usada no Brasil) e que é usada aqui somente no jornalismo e em alguns documentários, segundo Lima. Nela, uma única pessoa lê o texto todo sem emoção ou interpretação; o áudio é sobreposto ao original, que ainda pode ser ouvido.
Zuzia Boltuc, 21, é uma estudante polonesa de ciência da computação que assiste apenas a filmes estrangeiros, pelo menos “um por semana”. “Eu odeio dublagem e o leitor ainda mais”, comenta a polonesa. “Há apenas alguns leitores famosos na Polônia (…) e só percebi que era algo incomum, quando ouvi isso de meus amigos estrangeiros”. Sua mãe, Monika Boltuc, 45, dona de um pequeno negócio familiar, também vê filmes na mesma frequência que a filha, mas geralmente com o leitor. Segundo ela, “ele existe desde sempre, então, estou acostumada e acabo, inconscientemente, ignorando o fato dele existir”.
A mãe supõe que essa modalidade seja usada por ser mais barata e mais rápida de ser feita, ainda mais em “um país pobre e com falta de especialistas em várias áreas após a Segunda Guerra”. O leitor se tornou um costume que foi transferido, inclusive, para novas tecnologias como a Netflix. A nova geração, entretanto, está migrando para os legendados, pois, segundo a estudante, “baixa filmes estrangeiros ao invés de vê-los na televisão, apesar de não ser algo anormal ouvir leitores em um filme”. Outro fator que influencia essa mudança geracional é a proficiência do inglês na Polônia. Hoje, o país ocupa a 11ª posição no ranking da EF, teste que certifica essa situação.(G.B.)