Folha de Londrina

APÓS 18 ANOS

Dezoito anos após morte de professora, família ainda aguarda por julgamento

- Celso Felizardo Reportagem Local

Depois de sete adiamentos, acusado de matar a professora Estela Pacheco vai a julgamento em Ponta Grossa

Depois de quase 18 anos de espera e sete adiamentos, o julgamento do pecuarista Mauro Janene, acusado de matar e jogar a professora Estela Pacheco do 12º andar de um prédio no centro de Londrina, em outubro de 2000, está marcado para às 8h30 desta quinta-feira (22), no Tribunal do Júri de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O julgamento que ocorreria em Londrina, foi transferid­o a pedido da defesa de Janene, que alegou que a comoção popular poderia influencia­r os jurados.

Familiares de Estela Pacheco definiram a semana como “dias de muita ansiedade”. Laila Menechino, filha de Estela Pacheco, expõe que as sucessivas frustraçõe­s causadas pela demora do Poder Judiciário em realizar o julgamento a deixam apreensiva. “Eu só vou acreditar na hora, quando o júri realmente estiver ocorrendo. Até lá, sigo com receio”, desabafa. “Esse silêncio não habitual é preocupant­e”, diz, referindo-se a atuação da defesa.

Menechino, no entanto, diz confiar que a Justiça seja feita. “À cada notícia de protelação de julgamento, a dor só aumenta. Muitas pessoas nas ruas me perguntam como ainda consigo confiar na Justiça. Elas tentam me confortar, dizem para eu acreditar na justiça divina. Eu tenho que acreditar que um dia isso vai ter um fim. Desde o começo, tudo o que eu quero é Justiça, nada além disso”, comenta.

Em 2015, a filha da vítima criou o movimento “Justiça para Estela”. Segundo Menechino, foi uma forma de manter viva a memória da mãe. “É a maneira que encontramo­s de mostrar nossa indignação. Um crime bárbaro como um feminicídi­o não pode ficar impune”. Na manhã de quinta, simultanea­mente ao julgamento, um protesto deve ocorrer em frente ao Fórum de Londrina. “Algumas pessoas relataram que devem fazer um ato em Londrina. A família agradece todas as manifestaç­ões de apoio”.

OCASO

No dia 14 de outubro de 2000, o corpo de Estela Pacheco foi encontrado no pátio do Edifício Diplomata, na rua Paranaguá, no centro de Londrina, após cair do 12º andar do apartament­o onde morava o agropecuar­ista Mauro Janene. Os dois haviam sido namorados e, segundo as investigaç­ões, tinham se encontrado na noite anterior em um bar da cidade e ela teria ido para a casa dele.

Meses depois, os laudos do Instituto de Criminalís­tica e do Instituto Médico-Legal de Londrina concluíram que Estela já estava morta há pelo menos uma hora quando foi atirada da sacada do 12º andar, a uma altura de 36 metros. Janene foi preso preventiva­mente e solto dias depois. Em maio de 2001, o Ministério Público concluiu a denúncia por homicídio simples, fraude processual e guarda de entorpecen­tes.

Em outubro do mesmo ano, o réu é ouvido no processo alegando inocência. Entre 2001 e 2005 começam as sucessões de adiamentos. Nesse período, sete audiências foram remarcadas. Entre os motivos estavam “doença cardíaca” e “compromiss­os profission­ais anteriorme­nte assumidos” pelo defensor do réu, à época representa­do por Mauro Viotto.

Em março de 2017, a defesa conseguiu o desaforame­nto para Ponta Grossa. Por fim, o julgamento que estava marcado para 22 de fevereiro deste ano, foi adiado por pedido da advogada Gabriela Roberta Silva, que alegou motivo de saúde. A reportagem não conseguiu contato com a advogada.

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