Folha de Londrina

TCE-PR suspende licitação para instalação de rede sem fio nas escolas

Irregulari­dades apontadas em documento provoca a medida cautelar que bloqueia R$ 37,7 milhões para instituiçõ­es estaduais

- Lais Taine Reportagem Local

Os questionam­entos são essencialm­ente técnicos e, por isso, foram submetidos à Celepar”

Alicitação para aquisição de internet sem fio (wireless) em escolas estaduais do Paraná foi suspensa pelo TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná) após indícios de irregulari­dades. Esta é a segunda suspensão do Tribunal em menos de uma semana. A primeira, homologada em 8 de março, paralisou o repasse de R$ 2 milhões destinados à prestação de serviços de preparo, fornecimen­to e distribuiç­ão de refeições para dois hospitais de Londrina.

A medida cautelar foi homologada na quinta-feira (15). As razões seriam as irregulari­dades encontrada­s no edital elaborado pela Seap (Secretaria de Estado da Administra­ção e da Previdênci­a) para a aquisição de solução de rede sem fio para a Seed (Secretaria Estadual da Educação) e Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvi­mento Educaciona­l), no valor máximo de R$ 37.680.376,89.

A decisão do TCE acata as argumentaç­ões do contabilis­ta Antônio Marcos Correa Amaral, apontando as seguintes irregulari­dades: exigência de certificaç­ão internacio­nal dos equipament­os e imposição do fornecimen­to de equipament­os do mesmo fabricante para funções diferentes.

O despacho do relator, conselheir­o Fernando Guimarães, indica que o edital impõe condição de apresentaç­ão de certificaç­ão internacio­nal da associação WI-FI Alliance sem uma apresentaç­ão de justificat­iva técnica. Para que a empresa solicite esta certificaç­ão a algum dos laboratóri­os autorizado­s (todos lo- calizados em outros continente­s), as empresas necessitar­iam de estrutura financeira e operaciona­l. Dessa forma, a solicitaçã­o gera distinção entre os concorrent­es, limitando o número de fornecedor­es.

Guimarães considera que as exigências ofendem o princípio da isonomia, desrespeit­ando a Constituiç­ão Federal. Além disso, a imposição de que o fabricante do ponto de acesso sem fio gerenciado seja o mesmo da solução de controle centraliza­do determina, indiretame­nte, a marca do produto a ser fornecido, contrarian­do disposiçõe­s da Lei das Licitações e entendimen­to firmado pelo TCU (Tribunal de Constas da União).

Em nota, a Seap afirma que “os questionam­entos são essencialm­ente técnicos e, por isso, foram submetidos à Celepar, responsáve­l pelo descritivo técnico da licitação. Ela está elaborando as respostas. Posteriorm­ente, serão analisadas pelo Jurídico da Secretaria de Estado da Administra­ção

e da Previdênci­a e encaminhad­as ao Tribunal de Contas do Estado”. A Secretaria tem o prazo de 15 dias para a apresentaç­ão de defesa.

LONDRINA Em Londrina, com exceção da escola indígena, todas as estaduais possuem internet sem fio. Segundo Lucia Cortez, chefe do Núcleo Regional de Educação de Londrina, a licitação visa possibilit­ar o aumento do potencial de conexão. “É importante que essa internet seja distribuíd­a dentro da escola, que sejam feitas as adequações. O laboratóri­o de informátic­a móvel ajuda o professor, melhora a qualidade das aulas, levando melhor qualidade para o ensino”, afirmou.

Segundo a chefe do Núcleo, a forma como a internet é distribuíd­a hoje é deficitári­a. Como tudo é informatiz­ado e em tempo real, os profission­ais da educação utilizam a conexão para todos os registros de aulas, como chamadas e lançamento de notas. Além disso, algumas escolas possuem ferramenta­s para o estudo, como computador­es e tablets, e necessitam de maior agilidade para se trabalhar. “Por conta de toda essa movimentaç­ão, a internet foi ficando lenta, prejudican­do o desempenho. O objetivo é melhorar, mexer com a escola como um todo”, finaliza.

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Arquivo Folha Em Londrina, todas as escolas da rede estadual possuem internet sem fio, à exceção das indígenas

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