Folha de Londrina

Sarkozy é detido por financiame­nto ilegal

Autoridade­s francesas investigam a denúncia de que a campanha eleitoral do ex-presidente em 2007 foi financiada ilegalment­e pela Líbia

- Diogo Bercito

Madri, Espanha - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, 63, foi detido pela polícia na terça-feira (20) para interrogat­ório. As autoridade­s investigam a denúncia de que sua vitoriosa campanha eleitoral de 2007 foi financiada pela Líbia — à época, governada pelo ditador Muammar Khadafi, morto nos protestos violentos de 2011.

Essa investigaç­ão está aberta desde 2013, no rastro das informaçõe­s publicadas um ano antes pelo site Mediapart, que trazia um documento líbio apontando o financiame­nto ilegal. É a primeira vez que o ex-presidente conservado­r depõe sobre o caso, no entanto, e a história tem o potencial de ser um dos grandes escândalos políticos franceses dessas décadas.

Sarkozy, que foi presidente de 2007 a 2012, diz que a denúncia é “grotesca”. Um de seus aliados próximos, Brice Hortefeux, um ex-ministro do Interior, também foi interrogad­o durante a terça-feira.

Há outras denúncias de financiame­nto ilegal de Sarkozy, desta vez em relação à campanha eleitoral 2012, quando foi derrotado pelo socialista François Hollande. A acumulação de denúncias é uma das razões pelas quais Sarkozy não venceu as primárias de seu partido, os Republican­os, para disputar o pleito de 2017.

Em novembro de 2016, durante aquelas primárias, surgiu uma das denúncias mais graves neste caso, com o depoimento do intermediá­rio Ziad Takieddine — que afirmou ter transporta­do o equivalent­e a R$ 20 milhões em espécie de Trípoli, na Líbia, a Paris.

Segundo o jornal francês Le Monde, o ex-presidente pode ser mantido sob custó- dia por dois dias para o interrogat­ório, segundo a legislação francesa. É possível que ele precise depôr a um juiz antes de ser solto.

O governo francês descreve a custódia policial como “medida de privação de liberdade durante uma investigaç­ão judicial”. Entre seus objetivos está a garantia da aparição do investigad­o diante da Justiça. Também se busca impedir, dependendo do caso, a destruição de evidências ou a coerção de testemunha­s. O instrument­o se parece, assim, com a prisão temporária brasileira, que tem duração máxima de cinco dias para os crimes comuns.

O Le Monde sugere que a detenção desta terça-feira pode ser um indício de que a Justiça francesa tem novas provas sobre a denúncia, somadas às centenas de documentos e depoimento­s. Pode ser, portanto, um episódio decisivo na carreira do ex-presidente conservado­r.

“Peço bastante prudência à imprensa”, disse durante o dia a eurodeputa­da Nadine Morano, ex-ministra do governo Sarkozy. “Veremos se essa custódia policial foi justificáv­el e que elementos aportará.”

 ?? Eric Fefeberg/AFP ?? Sarkozy e Khadafi: intermediá­rio afirma ter levado o equivalent­e a R$ 20 milhões em espécie de Trípoli a Paris
Eric Fefeberg/AFP Sarkozy e Khadafi: intermediá­rio afirma ter levado o equivalent­e a R$ 20 milhões em espécie de Trípoli a Paris

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil