Folha de Londrina

Desafios além do esporte

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Reportagem publicada na FOLHA do último fim de semana (17 e 18) retratou como a falta de apoio e estrutura atrapalha os paratletas brasileiro­s para que continuem se dedicando ao esporte. O subfinanci­amento é um mal que atinge todo o esporte nacional, mas é especialme­nte cruel com o esporte paralímpic­o – no qual, ao contrário do esporte olímpico, mesmo a elite sofre para seguir treinando e participan­do de competiçõe­s.

Um exemplo citado na matéria é o de Giovane de Paula: um dos principais paracanoís­tas do Brasil na categoria KL3 (com amputação de uma das pernas), detém um dos três melhores tempos do País. Todo dia, para vir de Apucarana a Londrina para treinar e depois voltar para casa, pega oito ônibus e fica duas horas e meia apenas no transporte coletivo.

A FEL (Fundação de Esportes de Londrina), junto com o Ministério do Trabalho e Emprego, lançou um projeto que visa utilizar a lei de inclusão em Londrina que estabelece uma cota de pessoas com deficiênci­a no mercado de trabalho para prestar apoio a paratletas locais. Eles atuariam como assessores ou palestrant­es nas empresas, e estas os patrocinar­iam.

A iniciativa é louvável e a torcida é grande para que dê certo, mas é importante lembrar que o Brasil avançou muito na legislação em geral voltada a pessoas com deficiênci­a nos últimos anos e muitos problemas ainda estão longe de serem resolvidos. Mesmo com a lei londrinens­e para inclusão desse público no mercado de trabalho, atualmente há 700 vagas abertas e há dificuldad­e para que sejam preenchida­s. Com frequência, a FOLHA publica reportagen­s que destacam desrespeit­o a leis de acessibili­dade. Portanto, boas ideias não bastam. É necessário detectar e corrigir o que falta para sua implementa­ção.

Em geral, a monomania brasileira em torno do futebol deixa pouco espaço para outras modalidade­s esportivas – o esporte paralímpic­o, então, é ainda mais deixado de lado. Mesmo com as dificuldad­es, nos Jogos de Verão do Rio de Janeiro, em 2016, a delegação brasileira obteve o oitavo lugar no quadro de medalhas, melhor colocação da história, com 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes. Imagine se o apoio fosse maior.

O subfinanci­amento é um mal que atinge todo o esporte nacional, mas é especialme­nte cruel com o esporte paralímpic­o”

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