Folha de Londrina

Concentraç­ão de médicos nas grandes cidades É

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nítida a desigualda­de na distribuiç­ão geográfica dos profission­ais de medicina no Brasil. O estudo Demografia Médica 2018, realizado pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universida­de de São Paulo), com o apoio do CFM (Conselho Federal de Medicina) e do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) mostra que as capitais das 27 unidades da federação reúnem 23,8% da população e 55,1% dos médicos. A pesquisa foi divulgada na última terça (20) e usou como base dados da AMB (Associação Médica Brasileira, CNRM (Comissão Nacional de Residência Médica), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) e MEC (Ministério da Educação). No Paraná, Curitiba concentra 45,9% dos médicos existentes no Estado. São 10.867 médicos atuando na capital contra 12.794 profission­ais nos outros municípios paranaense­s. A população estimada de Curitiba é de 1.908.359 (17,22%), enquanto o restante do Estado possui 9.171.641 habitantes (82,77%). Resumindo, mais da metade dos registros de médicos em atividade se concentra nas capitais, onde mora menos de um quarto da população do País. A média das 27 capitais é de 5,07 médicos por mil habitantes. No interior, esse índice é 1,28, ou seja, 3,9 vezes menor. A pesquisa também apontou que o número de registros de médicos tem um cresciment­o maior do que o da população brasileira. De 1920 a 2017 o total de registros de médicos no País saltou de 14.031 para 451.777 (cresciment­o de 2.219,8%). No mesmo período, a população foi de 30.635.605 para 207.660.929 habitantes (aumento de 577,8%). Pelos dados, ao longo de 97 anos, o total de médicos cresceu 3,7 vezes mais que o da população em geral. É um fenômeno que vem se acentuando há algumas décadas, mas que não vem significan­do uma melhoria acentuada para quem mora nas pequenas cidades e nos pontos mais afastados das capitais. Ou seja, a expansão de registro não traduz em acesso. Há uma concentraç­ão de médicos nas grandes cidades e nos sistemas privados. A solução leva tempo e implica principalm­ente em políticas públicas que incentivem os profission­ais da área de saúde a buscarem o interior do País. Depende também de melhorar as condições de trabalho e da construção de uma carreira interessan­te para médicos no setor público.

Mais da metade dos registros de médicos em atividade se concentra nas capitais”

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