‘PMERJ Presente’
Rio -
O 41º Batalhão de Polícia Militar do Rio (Irajá) - alvo da última denúncia feita pela vereadora Marielle Franco (PSOL), quatro dias antes de ser assassinada - é investigado em 212 inquéritos do Ministério Público Estadual (MPE) do Rio que apuram casos de homicídio. Por esse trabalho, o Grupo de Atuação Especializada (Gaesp) em Segurança Pública do órgão já denunciou 23 PMs do batalhão.
Segundo o Gaesp, as denúncias sobre supostos abusos cometidos por PMs da unidade são acompanhadas desde abril de 2016. Os crimes em apuração são, na sua maioria, os ho-
Rio -
Uma manifestação chamada por policiais militares está usando em sua convocação a frase “PMERJ Presente!”, em alusão às palavras de ordem ouvidas nas ruas nos atos em memória da vereadora Marielle Franco (PSOL), executada há uma semana.
Eles desejam que o esclarecimento de mortes de policiais (134 em 2017) receba o mesmo empenho da Polícia micídios decorrentes de intervenção policial ou autos de resistência. Ainda segundo o Gaesp, muitos casos são antigos, de difícil elucidação, porque já aconteceram há muito tempo.
Em alguns casos, peritos responsáveis pelos primeiros exames já deixaram o cargo, o que dificulta a busca por informações complementares. Eles também relatam dificuldades para colher declarações da família das vítimas. Muitos parentes não são encontrados e os dados apurados, incompletos.
O MPE informou que foi instaurado um procedimento preparatório para identificar “eventuais falhas ou excessos” e buscar alternativas que diminuam os riscos à população e aos próprios PMs. Questionadas pelo Estado sobre os
Civil que, acreditam, está sendo empregado nas investigações para se chegar aos assassinos de Marielle, disse Nilton Silva, do grupo SOS Polícia, que está apoiando a manifestação.
“Você é PM? Tá cansado de maus-tratos do Estado? Tá cansado de ver os colegas tombados e nada ser feito?”, diz o chamado para o protesto, marcado para este domingo, 25, às 10h, na Praia de Copacabana (zona sul).
A mensagem está circulando em redes sociais. A organização casos, a Secretaria de Segurança e a Polícia Militar não responderam.
Desde 2013, segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio, o 41º é recordista em homicídios cometidos pela polícia no Estado, entre todos os batalhões. Os dados mostram que, nos últimos dez anos, a média anual verificada na área dos bairros atendidos pela unidade, na zona norte, foi de 57 mortes. De 2008 ao ano passado, o pico foi em 2016, quando se iniciou o trabalho do Gaesp.
é da Associação Somos Todos Sangue Azul, criada por parentes de policiais, que cobra ações do Estado para evitar mais mortes e elucidar os crimes.
“Como teve o ‘Marielle Presente!’, criaram o ‘PMERJ Presente!’. A gente está pedindo que haja investigação isonômica para todos os que morrem, não só políticos, juízes, desembargadores. Que os crimes contra PMs sejam investigados com a eficiência que está se buscando. Morreu uma pessoa da maneira como ela Foram 92 homicídios, quase o dobro do verificado em 2015 (48). Em 2017, foram 69 registros. O Gaesp tem feito palestras para os PMs para baixar a letalidade nas ações.
DENÚNCIA
Quatro dias antes de ser morta a tiros, no centro do Rio, Marielle publicou nas redes sociais denúncia sobre o homicídio de dois homens atribuído a PMs do 41º, no dia 5.
Uma semana antes do assassinato, o Estado havia pedido posicionamento da PM sobre essa acusação dos moradores. Na ocasião, em nota, a corporação respondeu que o batalhão realizou operação na comunidade no dia. Disse também que os PMs foram recebidos a tiros, mas não informou
morreu, e os policiais estão morrendo também”, disse Nilton Silva.
Os colegas das vítimas se ressentem do fato de as investigações não serem divulgadas nos casos de PMs mortos. “A gente não sabe quantos crimes foram desvendados, que marginais foram presos. Não se pode aceitar a morte de policiais, não pode ser banalizado. É uma ofensa ao Estado. A gente também é ser humano, tem família, quer a busca de uma resposta”, afirmou.
(R.P.)
se a ação resultou em dois mortos.
Segundo a corporação, o 41º foi acionado pelo Hospital do Acari, onde uma pessoa morreu após ser ferida por arma de fogo. E disse ter sido chamada para outra ocorrência, de encontro de cadáver na Pavuna, ao lado de Acari. Mas não confirmou a autoria das mortes.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, moradores contaram que as vítimas não tinham envolvimento com bandidos e que seus corpos foram jogados numa vala. Disseram também que eles próprios tiveram de resgatar os cadáveres. Denunciaram ainda que, por causa da intervenção na segurança, policiais do 41.º BPM têm se sentido “livres” para cometer excessos.
PMs desse batalhão são acusados ainda de participar da chacina de Costa Barros, há dois anos. Na ocasião, cinco jovens de 16 a 25 anos foram mortos em um carro. O veículo foi atingido 111 vezes. Outro episódio violento foi a morte de Maria Eduarda Alves, 13 anos. Ela foi alvejada no pátio da escola enquanto PMs do 41º faziam operação no local, em 2017.
Na quarta-feira, o MP reforçou com cinco promotores a equipe que apura a execução de Marielle e de Anderson Gomes, e a Polícia Civil voltou ao local do crime para esclarecer dúvidas.
41º BPM é recordista em homicídios cometidos pela polícia no Estado