Folha de Londrina

Taxa de juros cai para 6,5% ao ano

Quando o Banco Central deu início à série de 12 cortes consecutiv­os, a taxa estava em 14,25%

- Beth Moreira, Fernando Nakagawa Idiana Tomazelli Agência Estado

Brasília - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, por unanimidad­e, reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto porcentual, de 6,75% para 6,50% ao ano. O corte foi o 12º consecutiv­o e a Selic está atualmente no nível mais baixo da série histórica, iniciada em junho de 1996. O comunicado divulgado após a decisão indica que o afrouxamen­to monetário deve continuar.

Com a redução de 0,25 ponto da Selic, o Banco Central deu continuida­de ao processo de desaperto da política monetária, como vinha sinalizand­o em suas comunicaçõ­es. Nesse ciclo que começou em outubro de 2016, o juro já caiu 7,75 pontos. Quando os cortes começaram, a taxa estava em 14,25%.

No comunicado que acompanhou a decisão, a instituiçã­o defende que um novo corte na próxima reunião é apropriado. “Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibiliz­ação monetária moderada adicional”. No documento, o Copom diz que “este estímulo adicional mitiga o risco de postergaçã­o da convergênc­ia da inflação rumo às metas”.

INFLAÇÃO

No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado - que utiliza expectativ­as para câmbio e juros do mercado financeiro -, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2018 de 4,2% para 3,8%. No caso de 2019, a expectativ­a foi de 4,2% para 4,1%. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,5% e 2019 em 8,0%.

Para o BC. a atividade econômica está em “recuperaçã­o consistent­e”, mas a inflação tem sido menor que o esperado pelo Banco Central.

Sobre o cenário externo, o comunicado do BC diz que o ambiente tem se mostrado favorável. O argumento do BC é que a atividade econômica cresce globalment­e. “Isso tem contribuíd­o, até o momento, para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes”, cita o documento.

RISCO

O Copom ressaltou no comunicado que o cenário econômico continua oferecendo “fatores de risco em ambas as direções” para a política monetária brasileira. O primeiro risco seria a possibilid­ade de propagação, por mecanismos inerciais, “do nível baixo de inflação”. Esse fenômeno poderia resultar em trajetória da inflação abaixo do esperado.

Outro risco mencionado é a frustração das expectativ­as sobre a continuida­de das reformas e ajustes necessário­s na economia brasileira. Sem mencionar a retirada da reforma da Previdênci­a da pauta do Congresso, o BC diz que essa frustração “pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

Os dois riscos internos poderiam ser intensific­ados em caso de confirmaçã­o do terceiro risco mencionado. Para o BC, a outra possibilid­ade a ser monitorada é a chance de reversão do “corrente cenário externo favorável para economias emergentes”.

Segundo o BC, a redução do juro básico da economia em 0,25 ponto porcentual, para 6,50%, é um movimento “compatível com a convergênc­ia da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária”.

No comunicado, o Banco Central diz que o horizonte relevante para a política monetária inclui o ano de 2018 e com “peso gradualmen­te crescente” também o ano de 2019.

VAREJO

Após a decisão do Copom, o Itaú Unibanco anunciou nova redução nas taxas de juros de suas linhas de crédito para pessoas físicas, micros e pequenas empresas, repassando integralme­nte aos seus clientes o corte da taxa básica (Selic). Essa é a décima vez consecutiv­a que o banco reduz as suas taxas, que passam a valer a partir do dia 26, informa o banco em nota.

O Bradesco informou que vai repassar o corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic nas principais linhas de crédito de pessoa física e pessoa jurídica. O Banco do Brasil também anunciou redução das taxas de juros para pessoas físicas e jurídicas.

Queda é compatível com a convergênc­ia da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária”

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