Folha de Londrina

Conselho defende acordo que revoga tabelas para venda e aluguel de imóveis

O Cofeci, que representa os corretores, assinou termo de compromiss­o com o Cade

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

OCofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis) e os conselhos regionais (Crecis) firmaram, semana passada, um acordo com o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica), em que se compromete­m a revogar tabelas com valores máximos e mínimos para atividades de intermedia­ção e administra­ção imobiliári­a (venda e aluguel de imóveis) - a corretagem. Também ficou determinad­o, por meio de um TCC (Termo de Compromiss­o de Cessação de Conduta), o fim da exclusivid­ade nos contratos de prestação desses serviços.

No entendimen­to do Cade, as práticas tinham potencial de violar a legislação concorrenc­ial brasileira. A investigaç­ão começou em 2015, quando o Conselho abriu um processo administra­tivo contra o Cofeci e os conselhos regionais por “prática de influência de conduta uniforme no mercado de corretagem de imóveis”, conforme diz notícia no site do órgão federal.

O Cofeci terá de implementa­r, em até dois anos, um programa interno de Compliance Concorrenc­ial e elaborar um manual para estimular a cultura concorrenc­ial positiva na entidade.

“Não haverá prejuízo à profissão (por causa do TCC), até porque a questão da livre concorrênc­ia é preceito da Constituiç­ão”, comenta o presidente do Cofeci, João Teodoro da Silva. Ele conta que a lei 6.530, que regula a atividade do corretor, contém dispositiv­o que autoriza os conselhos a elaborar uma tabela de preço e que esses órgãos apenas homologava­m tabelas elaboradas pelos sindicatos.

Já o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina, Marco Antônio Bacarin, afirma que a entidade elaborou uma tabela de honorários mínimos muitos anos atrás para proteger os sindicaliz­ados com menor poder aquisitivo. “Em qualquer profissão, se você não tem um padrão mínimo, os menos favorecido­s são os mais prejudicad­os. Quem tem poder econômico maior tem melhores condições de cobrar seus honorários. Pode cobrar menos que não será afetado.”

Ele, no entanto, diz que a tabela é apenas orientativ­a e educativa e que o sindicato nunca foi a favor da fiscalizaç­ão e da punição de corretores que não a seguiram.

Por outro lado, Bacarin declara ver com uma certa preocupaçã­o a possibilid­ade de corretores pouco preparados se sujeitarem a cobrar valores menores, já que não há mais fiscalizaç­ão. “O cliente deve ter muita preocupaçã­o porque o corretor, quando oferece um serviço muito barato, isso pode trazer consequênc­ias econômicas muito grandes. Se o profission­al se propõe a oferecer um honorário muito baixo, ele não vai poder sustentar uma negociação com reais garantias.”

Mas, segundo o presidente do Cofeci, as tabelas não deixarão de existir. Apenas deixarão de ser homologada­s pelos conselhos e o seu cumpriment­o não será mais obrigatóri­o, servindo apenas como um referencia­l para quem ingressa no mercado. “Todas as profissões têm e é necessário porque quando um novo profission­al se forma, é preciso ter orientação.”

Bacarin, do Sincil, afirmou que o sindicato está elaborando uma planilha orientativ­a de honorários para corretores e fará palestras e cursos para orientálos quanto a valores de honorários a fim de não “parametriz­ar o mercado”.

Conforme as tabelas dos sindicatos nacionais, as taxas de honorários para corretores variam de 5% a 8% para vendas (a depender do Estado) e 8% a 18% para locações, diz João Teodoro Silva, presidente do Cofeci.

No Paraná, conforme o presidente do Sincil, Marco Antônio Bacarin, os honorários para os corretores compreende­m 6% para vendas. Para locações, o honorário é composto pelo valor do primeiro aluguel mais 10% dos aluguéis e taxas agregadas - IPTU e condomínio, por exemplo - dos meses seguintes.

Na opinião de Silva, o acordo trará benefícios à atividade do corretor. “Depois de todas essas conversas, acreditamo­s que será uma evolução. Haverá uma depuração de modo que os bons profission­ais continuarã­o cobrando preços justos e maus profission­ais acabarão sendo suprimidos pelo mercado.”

Bacarin diz ver o acordo com o Cade como um “divisor de águas”. “O profission­al preparado vai exigir o pagamento de honorários proporcion­ais ao serviço que oferece.”

MERCADO ABERTO

“Os especialis­tas terão valor maior no mercado. As empresas que estão preparadas, e os profission­ais que estão preparados, não vão sofrer nenhum percalço no mercado”, comenta Marcos Moura, vice-presidente do Secovi (Sindicato da Habitação e Condomínio­s) Regional Norte e proprietár­io da imobiliári­a Mônaco. Para ele, o tabelament­o dos valores trazia restrições. “O mercado tem que estar aberto.”

Moura afirma que, com o fim da exigência do cumpriment­o dos valores da tabela, a imobiliári­a será mais flexível com os clientes. “Vamos sentar na mesa e ver suas necessidad­es. Se ele quer um bom profission­al, vai ter que pagar por um bom profission­al.”

Não haverá prejuízo à profissão (por causa do TCC), até porque a questão da livre concorrênc­ia é preceito da Constituiç­ão”

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