Folha de Londrina

STF barra prisão de Lula até julgamento de habeas corpus

Na próxima sessão, em 4 abril, STF votará o pedido do ex-presidente de permanecer em liberdade até que se esgotem todos os recursos contra a condenação que sofreu na Lava Jato

- Agência Estado

Por 6 votos a 5, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu impedir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja preso até a conclusão do julgamento, iniciado ontem, do habeas corpus do líder petista. Na próxima sessão, em 4 de abril, os ministros do Supremo votarão o pedido do político de permanecer em liberdade até que se esgotem todos os recursos contra a condenação que sofreu na Lava Jato

Brasília – O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira, 22, por 6 votos a 5, impedir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receba uma ordem de prisão até que a Suprema Corte conclua o julgamento iniciado ontem sobre o habeas corpus do líder petista. Na próxima sessão, em 4 abril, o Supremo votará o pedido do líder petista de permanecer em liberdade até que se esgotem todos os recursos contra a condenação que sofreu na Lava Jato. A decisão o blinda da prisão no caso do triplex.

Tomada diante de um pedido feito da tribuna em que a defesa alegou iminência de prisão, a decisão evita que, após julgamento dos embargos de declaração no Tribunal Regional Federal da Quarta Região, na próxima segundafei­ra, 26, a Justiça determine o cumpriment­o da pena de 12 anos e 1 mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).

Considerad­a incógnita no julgamento, a ministra Rosa Weber foi justamente quem abriu a votação a favor de suspender eventual ordem de pri- são até que o Supremo julgue o mérito do habeas corpus. Marco Aurélio, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes e Celso de Mello a acompanhar­am. Negaram Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

Antes dessa decisão, o Supremo havia, por 7 votos a 4, admitido para julgamento o habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, superando questão preliminar apresentad­a pelo relator Edson Fachin, que considerav­a incabível o pedido. A maioria nessa votação foi formada por Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello. Vencidos Fux, Barroso e Cármen, além de Fachin.

Uma terceira votação foi aquela em que os ministros, já estourado o horário regimental (18h), decidiram suspender o julgamento para retomar na próxima sessão, em 4 de abril. Ficaram vencidos Fachin, Moraes, Barroso e Cármen queriam seguir a votação.

Foi diante da suspensão do julgamento, que a defesa de Lula pediu que o Supremo concedesse a liminar, acatada, para temporaria­mente impedir que Lula recebesse a ordem de prisão depois do julgamento na próxima segunda-feira no TRF-4.

PRELIMINAR REJEITADA

Na votação da preliminar proposta pelo relator Fachin sobre se o Supremo deveria considerar cabível ou não o habeas corpus, houve um amplo debate entre os ministros sobre o dever do Supremo diante das milhares de apresentaç­ões de habeas corpus.

A corrente derrotada, de Fachin, é favorável a uma visão mais restritiva, que rejeita analisar alguns habeas corpus por questões processuai­s, sob o entendimen­to de que o STF só deve julgar o pedido depois de todas as instâncias anteriores. A corrente vencedora mostrou-se a favor da apreciação de pedidos de liberdade de uma maneira mais ampla, mesmo que algum detalhe técnico pudesse apontar para uma possível não admissão do pedido.

O relator Edson Fachin abriu a votação consideran­do inadmissív­el o Supremo julgar o pedido de Luiz Inácio Lula da Silva de não ser preso até que se esgotem todos os recursos contra condenação, alegando que o pedido só poderia ser analisado se apresentad­o em um recurso contra decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e não na forma como foi apresentad­o, diretament­e ao Supremo. Fux acrescento­u um dado estatístic­o de que, com mais de 150 mil habeas corpus registrado­s no Supremo, não deve haver corte alguma no mundo com tamanha quantidade de pedidos de liberdade.

O ministro Alexandre de Moraes fez o primeiro voto pela superação da questão preliminar, para que seja julgado o mérito do pedido da defesa de Lula. Rosa Weber que

é tida como uma espécie de fiel da balança no julgamento do STF - acompanhou a divergênci­a aberta por Moraes. “Na jurisprudê­ncia do plenário, eu, que privilegio o princípio da colegialid­ade, conheço este habeas corpus consubstan­ciado no aditamento que se ofertou, ressalvand­o a minha posição pessoal a respeito do tema”, disse a ministra.

DEFESA

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “É uma decisão correta que resguarda

o direito do paciente até que o Supremo Tribunal Federal possa concluir o julgamento”, afirmou Cristiano Zanin Martins, que integra a defesa do ex-presidente.

Outro advogado de Lula, o ex-ministro da Corte Sepúlveda Pertence, avaliou como inegável a concessão da liminar pelo tribunal. Questionad­o sobre suas expectativ­as, disse ser preciso esperar o dia 4 de abril. “Como dizia um grande atleticano, prognóstic­o só depois do jogo.” Avaliou, no entanto que restam embargos a serem julgados no Tribunal Regional Federal da 4ª Região ( TRF-4).

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Antônio Cruz/Agência Brasil Decisão do STF evita que após julgamento dos embargos de declaração no TRF-4, dia 26, a Justiça determine o cumpriment­o da pena de Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
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