Universidades diversificam crédito educativo
Entre as possibilidades, estão duas linhas privadas: o Educa Mais Brasil e o Pravaler
As mudanças no processo seletivo do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) a partir deste ano letivo têm impactado diretamente na forma das instituições de ensino particular captarem alunos. Com as novas regras sancionadas em dezembro pelo governo federal - que segundo entidades do setor geraram mais dificuldades tanto para estudantes como para as universidades – cabe agora às instituições de ensino buscarem diferentes alternativas de crédito educativo para atender à demanda dos estudantes.
Entre as alterações no modelo que entrou em vigor em 2018, estão a divisão do Fies em três modalidades (veja o gráfico) e um novo sistema de responsabilidade financeira para as instituições, fator que gerou um ambiente desfavorável para o programa, que agora tem juros mais altos.
Segundo a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), as mudanças no Fies podem reduzir em até 20% o número de alunos beneficiados nas instituições de ensino privado. Por outro lado, existe uma expectativa – mesmo sem um número fechado – que outras modalidades privadas ganhem força, principalmente o financiamento próprio criado por cada instituição.
O presidente da Fenep, Ademar Batista Pereira, critica as mudanças realizadas pelo Ministério da Educação (MEC). “Nas reuniões com o MEC, a gente avisou que isso aconteceria (menor capitação de alunos pelo Fies). Esse novo modelo é muito focado nos bancos e pouco social, em que o estudante precisa se endividar muito para pagar o financiamento e a escola vai acabar pagando a conta. É um modelo natimorto”, ressalta.
Ele comenta que, neste começo do ano letivo, várias instituições já estenderam as estratégias para quem está em busca de crédito educativo. “As escolas estão fazendo seu papel, ampliaram o financiamento próprio, algumas saindo de mil para cinco mil alunos (neste formato). Cada instituição tem uma estratégia, porque agora tudo está mais complexo, juntamente com a crise que vivemos. Por outro lado, quem aderiu ao Fies diminuiu o número de vagas e de cursos que atendem o programa. No final, foi ruim para todos.”
Por outro lado, com o financiamento próprio, Batista acredita que o cenário é facilitado porque há uma relação direta entre escola e aluno, sem terceiros envolvidos. “Assim, cada instituição cria a estratégia mais interessante . O aluno se compromete em alguns pontos e a instituição dá um desconto, sem a cobrança de juros.”
Além do crédito próprio, as universidades também buscam outras alternativas, como o próprio Prouni, do MEC, e também linhas privadas como o Educa Mais Brasil e o Pravaler. “São modalidades privadas de financiamento que não envolvem o governo. De qualquer forma, está mais difícil de captar alunos com o novo Fies, que deveria estar mais simples e palatável.”